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Montadoras passam a prever queda de 10% na produção em 2014
Baixa no 1º semestre, de 16,8% sobre igual período de 2013, derrubou a expectativa anterior, de alta de 1,4%
Associação do setor credita desempenho ruim a oferta menor de crédito e espera melhoria após a Copa
A produção de veículos caiu em junho, derrubando as projeções do setor para este ano. As montadoras agora estimam produção 10% inferior à de 2013, com 3,339 milhões de veículos, segundo a Anfavea (associação de fabricantes). Confirmada, a queda será a maior desde 1998.
Até ontem, a previsão era de alta de 1,4% neste ano.
Já a expectativa para vendas foi revista de alta de 1,1% para queda de 5,4%, ou 3,6 milhões de unidades, o que marcaria o segundo ano consecutivo de recuo, após nove anos de alta ininterrupta.
Em junho, a queda na produção foi de 23,3% sobre maio, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (7).
A produção de junho foi de 215,9 mil veículos, acumulando 1,566 milhão no semestre, recuo de 16,8% sobre o mesmo período do ano passado.
A queda na produção de junho, em relação ao mesmo mês de 2013, foi de 33,3%.
CRÉDITO
Para a Anfavea, o crédito mais restrito ainda é o maior responsável pela retração do mercado neste ano.
"Os bancos subiram a régua de aprovações, rejeitando assim milhões de financiamentos", afirma Luiz Moan, presidente da entidade.
Em maio, o financiamento de veículos recuou pelo 17º mês consecutivo. Embora estude medidas para ampliar o crédito, o governo não deve anunciar nada no curto prazo (leia texto abaixo).
A queda na produção aconteceu com um forte recuo nas vendas no mercado interno e nas exportações, diante da fraqueza da economia brasileira no período e de dificuldades nas vendas para a Argentina, principal destino das vendas externas do setor.
EXPECTATIVAS
Os resultados previstos para o ano de 2014 dependem ainda de uma retomada no segundo semestre. A Anfavea espera alta de 14,3% sobre o 1,7 milhão de emplacamentos do primeiro semestre.
A expectativa é calcada em três fatores, segundo Luiz Moan: "A manutenção do IPI é fundamental. Além disso, teremos oito dias úteis a mais e o Salão do Automóvel, com vários lançamentos".
Para tentar estimular o setor, o governo decidiu na semana passada manter até o final do ano a redução do IPI que incide sobre automóveis --a redução, anteriormente, só valeria até o fim de junho.
A previsão era que a alíquota para veículos flex até 1.000 cilindradas, por exemplo, voltasse a 7% a partir do dia 1º de julho, mas ela ficou mantida em 3%.
Outro fator citado por Moan para o resultado fraco é o "humor" do consumidor: "Passada a Copa [que termina neste domingo], acredito que o brasileiro se sentirá mais confiante, independente do resultado".
A produção também será incrementada no segundo semestre, segundo a entidade: 1,8 milhão de veículos produzidos, alta de 13,2% em relação aos seis primeiros meses.
EMPREGO
Os maus resultados da indústria se refletem na geração de empregos.
Houve queda de 0,4%, para 131 mil, no total de vagas de trabalho nas indústrias de veículos --o que inclui carros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Incluindo máquinas agrícolas, a queda foi de 0,5%.