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'Modelo exportador da AL concentra renda'

Professor de universidade do México afirma que burguesia agrária é cada vez mais voraz

ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO

A quebra na safra de grãos dos EUA ameniza os efeitos da desaceleração na China e na Europa e gera uma sensação de bonança entre os produtores daqui. Mas há limites nesse processo. E, no essencial, o modelo exportador latino-americano causa concentração e pauperização.

A análise é do cientista social chileno e professor da Universidade Autônoma Metropolitana do México Jaime Osorio, 67, que participa hoje, em São Paulo, do lançamento da coletânea "Padrão de Reprodução do Capital"(Boitempo), da qual é um dos organizadores.

À Folha o autor argumenta que o padrão latino-americano que privilegia a exportação não resultou em benefício da população e mantém a região em sua histórica situação de dependência.

Mesmo no caso brasileiro, ele enxerga melhorias pontuais, que não conseguem recuperar o poder aquisitivo dos trabalhadores. Segundo ele, o principal problema do modelo é "a brutal separação que se estabelece entre o que se produz e quem consome".

Na sua visão, falta às elites do continente um projeto: "As burguesias locais não têm projeto nacional de desenvolvimento. Para elas, a integração com o aparato produtivo e o capital financeiro internacional tem sido um grande negócio, com rentabilidade muito alta".

Osorio enxerga "uma renovação na grande burguesia brasileira: a ligada ao agronegócio. Ela é cada vez mais voraz, poderosa, com maior influência na direção do Estado, embora persistam setores de uma burguesia industrial que se negam a morrer".

Para o sociólogo, mesmo governos tidos como de esquerda "seguem expressando, no fundamental, os interesses de setores oligárquicos exportadores tradicionais".

Osório defende a criação de "um núcleo de desenvolvimento local tecnológico capaz de colocar limites à voracidade do capital estrangeiro e às próprias oligarquias locais". Segundo ele, o capital estrangeiro "termina levando muito mais do que deixa".

Leia a íntegra
folha.com/no1137341

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