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Inflação está disseminada em várias áreas, afirma economista
Segundo Alexandre Schwartsman, aumento dos preços não se trata de fenômeno transitório
Preços do arroz e da carne tiveram o maior aumento, mantendo alimentos na liderança da alta inflacionária
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial da inflação, subiu 0,59% em outubro, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em setembro, a taxa havia subido 0,57%, 0,16 pontos percentuais acima da inflação de 0,41% de agosto.
De janeiro a outubro, a inflação acumula alta de 4,38%. A meta do governo para este ano é de 4,5%, com banda de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Com esse resultado, o IPCA dos últimos 12 meses ficou em 5,45%, ante 5,28% no acumulado de setembro. O boletim Focus, levantamento do BC com profissionais do mercado, indica um IPCA de 5,44% para 2012.
Os preços dos alimentos subiram 1,36%, mantendo o grupo na liderança da alta inflacionária. O maior impacto foi causado pelo arroz, que ficou 9,88% mais caro, aumento de 0,06 ponto percentual no índice, seguido pela carne, em alta de 2,04% e com peso de 0,05 ponto percentual na inflação.
Em setembro, o arroz subiu 8,21%, e a carne, 2,27%.
O terceiro maior impacto foi a refeição fora de casa, em alta de 0,70% e com impacto de 0,03 pontos percentuais no índice.
Para André Perfeito, da Gradual Investimentos, o índice alto não é preocupante. Ele acredita que, em outubro, o índice atinge seu pico e a tendência é que diminua nos próximos meses.
"Tivemos um choque de oferta, que se traduziu dentro do grupo alimentação", afirma ele. "Esse aumento já foi incorporado e absorvido."
Ele contrapõe o IPCA ao IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que teve deflação de 0,31%. "Enxergo um cenário mais benigno", comenta.
Já o economista Alexandre Schwartsman, colunista da Folha, não tem uma visão otimista. Em levantamento próprio, ele constatou que a taxa de difusão, que considera apenas os elementos do IPCA que tiveram alta, foi a mais alta desde 2005, de 68,8%.
Isso indicaria, segundo ele, que a inflação não é um fenômeno transitório, mas que está disseminado.
Segundo ele, os baixos índices de desemprego e aumento de salário pressionam os preços sobretudo no setor de serviços. Em contrapartida, não há uma política monetária voltada ao combate da inflação.
A fixação da taxa cambial por volta de R$ 2,04, diz ele, impede que a valorização da moeda compense a alta no preço das commodities, incidindo no valor final dos alimentos.
GASOLINA
O grupo Transportes, subiu 0,24% em outubro, por conta do ajuste da gasolina da ordem de 0,75%. O segmento vestuário passou de 0,89% em setembro para 1,09% em outubro e os artigos de residência subiram 0,19 ponto percentual. Já a inflação do grupo Habitação caiu de 0,71% para 0,38%,