Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Mercado vê retomada dispersa e rebaixa previsão do PIB para 2013
Média das projeções mostra que investidores e analistas estão revendo números para baixo
Crescimento não chega a todos os setores; exportações e investimento fracos frustram expectativas
A recuperação ainda tímida e irregular da economia está elevando o ceticismo em relação à previsão oficial de um crescimento de pelo menos 4% no próximo ano.
Embora pesquisa divulgada pelo Banco Central a cada segunda-feira aponte que essa é a aposta central de analistas e investidores há 14 semanas, a aparente estabilidade esconde uma tendência de piora das expectativas.
O BC divulga a mediana das projeções pesquisadas, ou seja, o valor que divide ao meio o conjunto das respostas obtidas.
Em termos simplificados, metade do mercado espera crescimento igual ou inferior à mediana; a outra metade prevê avanço maior ou igual.
Quando se pesquisa a média das previsões coletadas, a mudança de humores é mais visível. Nesse cálculo, a expansão do PIB esperada em 2013 caiu nas últimas seis semanas de 4% para 3,87%.
Os números indicam que estimativas estão sendo revisadas para baixo, seja na metade mais otimista, seja na banda pessimista de bancos, consultorias e entidades.
No primeiro caso está o Itaú Unibanco, que até a semana passada acreditava em um crescimento de 4,5% no próximo ano e agora se alinhou à mediana do mercado.
"A retomada avança de forma heterogênea", resume relatório distribuído pelo banco a seus clientes. Em outras palavras, nem todos os setores e atividades acompanham os bons resultados comemorados, por exemplo, no consumo, na produção agrícola e no emprego.
Os principais retardatários, segundo o texto, são os investimentos e as exportações -o que mostra a fraqueza da indústria, cuja produção recuou em setembro.
O Itaú também prevê queda de 0,5% no índice de atividade econômica do BC referente ao mês retrasado, a ser divulgado nesta semana.
Entre os mais pessimistas, a Fundação Getulio Vargas vai detalhar, em sua revista mensal sobre a conjuntura, por que espera crescimento de 3,4% em 2013.
A FGV aponta que o início de recuperação da indústria, até agosto, foi baseada em desonerações tributárias promovidas pelo governo, especialmente para automóveis.
"É possível que tal política tenha levado à antecipação de compras, e não ao aumento sustentado de produção."
Para o economista José Márcio Camargo, da PUC-RJ, o custo elevado de produção no país e o cenário externo estão desestimulando os investimentos, o que limitará a expansão do PIB a algo entre 2,5% e 3%.
"As medidas de curto prazo provocaram uma recuperação da economia, mas sem investimento não há crescimento de longo prazo."
Bráulio Borges, da LCA Consultores, é um dos que mantêm o otimismo: "As medidas de estímulo estão começando a fazer efeito. A economia vai crescer 4,3%, puxada pelo investimento".
Com a previsão de retomada mais modesta, os analistas agora apostam que o juro do BC não subirá em 2013.