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Caixa expande crédito, mas lucro patina
Empréstimos disparam 43%, porém, em cenário de juros baixos, ganho registra alta de 4,6% no 3º trimestre
Banco estatal amplia volume de financiamentos para compensar margens menores de lucros
Principal agente do governo para estimular a concorrência bancária, a Caixa Econômica Federal teve, no terceiro trimestre, o maior crescimento entre os bancos brasileiros nas operações de crédito: 43% em relação ao mesmo período de 2011.
Os rivais privados tiveram expansão de 10%, e o Banco do Brasil, de 20,5%.
No entanto, o lucro do banco estatal subiu apenas 4,6% nessa comparação, somando R$ 1,35 bilhão.
O ritmo é superior ao da maioria dos concorrentes (veja ao lado), mas decepciona se comparado com a capacidade do banco de gerar novos empréstimos, demonstrando os efeitos do novo cenário de juros baixos: o crédito cresce com vigor, mas os ganhos são menores.
Para Marcio Percival, vice-presidente da Caixa, isso ocorre porque o banco atua em segmentos com "spread" (diferença entre a taxa paga ao cliente que investe e a cobrada nos empréstimos) limitado, como financiamento imobiliário, para infraestrutura e crédito consignado.
Já os demais bancos focam linhas de maior risco, como financiamento a veículos e crédito pessoal, que têm margens de ganho maiores.
"Estamos em áreas em que o 'spread' é limitado, 60% dos empréstimos são de habitação, com 'spread' de menos de 3%. Por mais que a gente faça [crédito], não está no nosso horizonte comparar o volume de resultado financeiro com o dos demais bancos. Não queremos o lucro máximo, buscamos a sustentabilidade. E temos conseguindo mesmo reduzindo as taxas de juros", diz Percival.
CALOTE BAIXO
O lado bom, segundo o executivo, é que a Caixa tem inadimplência inferior à dos concorrentes, possibilitando ao banco fazer provisões menores para calote. As despesas com provisões para calote subiram 4%, enquanto nos demais bancos a alta passou de 20%, em relação o terceiro trimestre de 2011.
Na Caixa, a inadimplência ficou no terceiro trimestre em 2,06%, incluindo o crédito imobiliário, que costuma ter baixo índice de calote. Excluindo o segmento de habitação, a inadimplência do cliente pessoa física sobe para 4,5%, enquanto a média do mercado é de 7,9%.
Apesar do lucro estreito, o banco estatal manteve alta a sua rentabilidade patrimonial (indicador de retorno pelo investimento ao acionista). Na Caixa, o indicador figura em 27%, enquanto nos demais bancos está abaixo de 20%. No terceiro trimestre do ano passado, porém, esse indicador estava em 31%.
Segundo o vice-presidente de Controladoria Raphael Rezende Neto, a redução ocorreu porque o banco teve injeção de capital de R$ 1,5 bilhão feita pelo governo em agosto, que aumentou a base patrimonial.