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Estratégia envolve planos para baixa renda, expansão regional e tecnologia
DE BRASÍLIAPara atingir sua previsão de dobrar a carteira de clientes em cinco anos, a nova Amil pretende investir em novas tecnologias, em planos para a baixa renda, na expansão para Estados onde ainda não está presente e no aumento do número de planos que exigem coparticipação.
Nesses casos, os clientes pagam uma parte de exames, consultas e cirurgias.
Hoje, 30% dos planos da Amil são desse tipo. Os planos da UnitedHealth, no entanto, são quase todos nesse formato e incluem, inclusive, limites para a cobertura de gastos com internação. "Quem não quiser não compra o plano de coparticipação. Mas pagará mais caro", diz Edson Bueno, presidente da empresa.
A Amil afirma que não há previsão para planos limitados por enquanto.
Entre órgãos de defesa do consumidor, há preocupação sobre o modelo que a United irá implementar na Amil. E, no meio jurídico, questionamentos sobre o fato de a americana assumir 22 hospitais, uma vez que a Constituição brasileira impede a participação estrangeira nessa área.
A Amil alega que os hospitais não são o negócio principal da empresa e se ampara num parecer da ANS que a autorizou a mantê-los após a abertura de capital -a maior parte dos acionistas da Amil na Bolsa é estrangeira.
NOVA MARCA
Hoje a operadora possui 5,8 milhões de clientes, entre donos de planos de saúde e de assistência odontológica, e fatura cerca de R$ 10 bilhões por ano. "Antes, tínhamos limitação de capital. Mas a United quer crescimento rápido. Vai ser uma oportunidade ímpar", diz Bueno.
O lançamento de uma nova marca de planos de saúde populares está prevista. O grupo que estudará o modelo de negócio está sendo montado e os trabalhos começam em 15 dias.
Os planos terão de custar menos de R$ 90 por mês, que é a tarifa média dos planos Dix, os mais baratos do grupo Amil atualmente, e contarão com uma rede de três ou quatro hospitais para atender seu conjunto de filiados em cada cidade.
A Amil irá também importar tecnologias e sistemas de informação usados hoje pela United nos Estados Unidos.
Foram criados nove grupos de trabalho, com representantes das duas empresas, que irão viajar entre Brasil e Estados Unidos nos próximos meses para definir as adaptações necessárias.
A ideia é que a Amil tenha um sistema nacional pelo qual médicos, laboratórios e hospitais possam se comunicar e trocar informações, nos moldes do que faz a United hoje nos Estados Unidos.
"Isso permitirá que o médico tenha o histórico do paciente on-line, com todos os exames que ele já fez, de forma fácil e rápida. Teremos recursos para fazer telemedicina no Brasil", afirma Bueno, que estima pelo menos três anos para que a empresa incorpore as novas tecnologias.
A Amil, que nos últimos anos tornou-se consolidadora do mercado de saúde brasileiro, passará também a olhar aquisições em países vizinhos a partir de agora.
"Seremos a plataforma de expansão da United na América Latina", afirma o fundador da empresa.
No Brasil, a meta é ter operações da Amil em todos os Estados. A expansão começará em breve pelos Estados da Bahia e do Rio Grande do Sul.