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Análise
Todos ganharem mal causa menos desconforto que só um ter bom salário
SAMY DANA COLUNISTA DA FOLHATodo ser vivo demonstra uma série de comportamentos inconscientes e padronizados comuns a toda a população: os instintos.
Dentre estes costumes, destaca-se o senso de justiça, alvo de inúmeros experimentos que buscam compreendê-lo e autenticá-lo.
Um dos principais testes empíricos para sua validação é o chamado "Jogo do Ditador", uma simulação com dois indivíduos na qual o jogador A recebe uma quantia determinada de dinheiro e deve decidir, sozinho, como irá dividi-la com o jogador B, que aceitará qualquer montante oferecido.
A teoria econômica, que considera todos os seres humanos absolutamente racionais e individualistas, propõe que o jogador A ficará com todo o montante e deixará B sem nada. No entanto, o resultado médio deste teste contraria os economistas.
Na maior parte dos casos, o jogador A, mesmo sem conhecer B, exerce seu senso de justiça e divide o valor à metade ou próximo à ela.
Testes com animais confirmam esse instinto. Em casos de injustiça, a reação imediata é o declínio à novidade e a espera pela correção.
Esse comportamento é notado claramente no mercado de trabalho: funcionários de mesma função na empresa desejam ser remunerados igualmente e ter reajustes salariais proporcionais.
Enquanto há paridade entre os salários, todos estão em harmonia. Porém, qualquer desequilíbrio causa infelicidade e insatisfação geral. Por incrível que pareça, todos ganharem mal causa menos desconforto do que quando a maioria ganha pouco e apenas um é bem remunerado.
Segundo pesquisas, o senso de justiça está relacionado muito mais a emoções e à cultura do que à racionalidade do indivíduo. E nós brasileiros? Somos parecidos com os ideais da teoria econômica ou sabemos compartilhar?