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Temor derruba as ações de frigoríficos
Ameaça de embargo à carne brasileira pela Rússia faz papéis de JBS, Marfrig e Minerva perderem até 5,3% do valor
Episódio envolvendo o mal da vaca louca no Paraná deve ser discutido hoje entre autoridades dos 2 países
A repercussão do caso "não clássico" de vaca louca no Paraná chegou à Bolsa. As ações dos principais frigoríficos do país caíram ontem com o temor de novos embargos à carne bovina brasileira.
Em dia de alta de 0,6% do Ibovespa (principal índice da Bolsa de São Paulo), os papéis da JBS recuaram 2,7%, os da Marfrig caíram 5,3% e os do Minerva perderam 4,5% de seu valor.
Anteontem, as ações desta última já haviam caído 3%.
Por atuar somente com carne bovina -JBS e Marfrig também vendem frango e suínos-, o Minerva é a empresa mais afetada pela possibilidade de alguns países barrarem a carne brasileira.
Ontem, o movimento de venda das ações do setor ganhou força devido à notícia de que a Rússia estuda suspender a importação da carne brasileira após o agente causador da vaca louca ter sido detectado em um animal morto em 2010 no Paraná.
No sábado, o Japão já havia anunciado embargo à carne brasileira. Mas, como o país asiático tem participação inferior a 1% nas exportações brasileiras, a decisão teve impacto limitado. Já a Rússia é o principal destino das exportações da carne do Brasil.
"Aparentemente o caso não representa um risco para a cadeia produtiva de carne, porém é difícil prever a repercussão sobre os mercados importadores, altamente exigentes e preventivos", avalia a Ativa Corretora.
OUTRA BARREIRA
O Ministério da Agricultura e a Abiec (associação dos exportadores de carne bovina) dizem não ter sido procurados por autoridades russas para esclarecimentos sobre o episódio envolvendo o agente causador da vaca louca.
O silêncio, no entanto, deve ser rompido hoje, em reunião entre o secretário de Relações Internacionais do ministério, Célio Porto, e o diretor da autoridade sanitária e fitossanitária russa (Rosselkhoznadzor), Sergey Dankvert, em Moscou.
A reunião, que antecede a chegada da presidente Dilma Rousseff à Rússia na próxima sexta-feira, já estava agendada para discutir o uso de ractopamina, um promotor de crescimento, nos animais.
Na semana passada, a autoridade sanitária russa publicou comunicado exigindo dos exportadores um certificado que ateste a ausência da substância nas carnes.
Como os exames para atestar a ausência desse promotor de crescimento são caros e demorados, há a expectativa de que a decisão russa provoque empecilhos às exportações brasileiras de carne.
A nova exigência russa ocorreu uma semana depois de o governo anunciar o fim do embargo à carne de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, após 17 meses de negociações.
A liberação das vendas dos frigoríficos considerados aptos pela autoridade sanitária russa a exportar àquele país também será tema do encontro de hoje.