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Governo diz 'não ter solução', mas quer gás mais barato
Guido Mantega (Fazenda) afirma que esse deverá ser o próximo esforço, após queda na tarifa da energia elétrica
Ministro Fernando Pimentel afirma que exploração de gás de xisto exigirá 'medidas na Petrobras'
Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disseram ontem, em Paris, que o governo pretende -embora não saiba como- reduzir o preço do gás natural consumido no Brasil.
"Não temos uma solução para isso, mas temos que reduzir o custo do gás de alguma maneira", disse Mantega, após participar de seminário do Instituto Lula e da Fundação Jean-Jaurès.
Segundo o ministro, esse deve ser o novo esforço após a proposta de reduzir o custo da energia elétrica.
Um pouco mais cedo, a uma plateia de empresários, Pimentel falou sobre o potencial de produção de gás de xisto no Brasil.
"Isso exige algumas medidas na Petrobras. Isso será feito. O próximo passo nessa direção já está sendo planejado", disse o ministro. Procurada, a Petrobras não quis comentar a declaração.
De acordo com relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos, o Brasil tem a oitava reserva mundial de gás de xisto (shale gas), com 226 TPCs (trilhões de pés cúbicos). Os EUA têm a segunda reserva mundial, com 862 TPCs, atrás da líder China, com 1.275 TPCs.
INDÚSTRIA
O custo do gás natural -como insumo energético ou como matéria-prima de uso industrial- é considerado um dos problemas para o baixo investimento na construção de indústria químicas e petroquímicas no país.
Enquanto o preço do gás nos EUA, barateado depois da descoberta das reservas de gás de xisto, é de US$ 3 por milhão de BTU (medida britânica que mensura o poder calorífico do gás), o valor no Brasil oscila entre US$ 9 a US$ 15 por milhão de BTU.
Segundo Henri Slezynger, presidente do conselho diretor da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), esse custo inviabiliza qualquer investimento no uso do gás como matéria-prima.
Segundo ele, o país não pode esperar o desenvolvimento do gás de xisto, o que deve demorar ao menos oito anos.
"O Brasil precisa ter uma política nacional para usar o gás como matéria-prima."