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Venezuela pode barrar carne brasileira
Pecuaristas querem suspender importações até obter estudo de risco de contaminação pelo mal da vaca louca
Associação também quer barrar a entrada de gado vivo do Brasil; proposta exclui o Pará, principal exportador
Os pecuaristas venezuelanos querem a suspensão temporária da importação de carne bovina congelada e de animais vivos do Brasil até que os governos brasileiro e venezuelano apresentem estudo de risco de contaminação pelo mal da vaca louca.
"Nosso interesse não é deter a importação, mas resguardar o nosso rebanho e a saúde dos venezuelanos", afirmou à Folha Manuel Cipriano Heredia, presidente da Federação Nacional de Produtores de Gado da Venezuela (Fedenaga).
"Estamos esperando uma resposta do governo desde sexta-feira. São muitos dias de espera para um assunto de natureza sanitária e de saúde pública", acrescentou.
O pedido da entidade venezuelana é uma reação à recente descoberta do agente causador do mal da vaca louca em um animal morto em 2010, no Paraná.
O episódio já provocou a suspensão de importação do produto brasileiro pelo Japão. A Rússia, principal comprador da carne brasileira, e o Irã também ameaçam barrar a entrada do produto.
O Brasil é o principal fornecedor de carne bovina e de gado para o abate da Venezuela, que desde agosto integra o Mercosul.
De acordo com dados da Fedenaga, 65% do gado vivo e de carnes congeladas importados pela Venezuela de janeiro a julho tiveram origem brasileira.
No ano passado, os produtos brasileiros representaram 73% das importações dos itens no país.
BOVINOS VIVOS
A suspensão solicitada pela Fedenaga não abrange a importação de animais vivos para abate que saem do Estado do Pará. "A distância entre o Pará e o Paraná permite que essa importação continue", disse Heredia, que é médico veterinário.
O Pará foi responsável por 89% dos embarques de bovinos vivos do Brasil entre janeiro e novembro deste ano. Logo, o efeito da eventual restrição venezuelana nas exportações de bovinos vivos seria praticamente nulo.
A Venezuela é o principal comprador de bovinos vivos do Brasil, com uma fatia de 77% dos US$ 555 milhões exportados pelo país até novembro (entre animais reprodutores e para o abate).
Os outros clientes do Brasil nesse segmento são países árabes, como o Líbano, a Turquia e o Egito. Os exportadores temem, portanto, que essas nações sigam o Irã e também coloquem a pecuária brasileira sob suspeita.
A Venezuela também tem uma participação relevante nas exportações de carne "in natura". Comprou US$ 388 milhões até novembro, o equivalente a 9% do total, e está entre os cinco principais destinos da carne brasileira.