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Saída de controlador é discutida há 2 anos
Tentativas de venda do grupo Rede esbarraram em vetos do BNDES e em erros de negociação do empresário
Falta de experiência da J&F fez tentativa de compra do grupo por R$ 200 milhões ser barrada pelo BNDES
A saída de Jorge Queiroz Moraes Junior do comando da Rede Energia já vem sendo discutida nos bastidores há pelo menos dois anos.
A Folha apurou que a sua permanência no comando tornou-se insustentável quando o endividamento do grupo chegou a 6,3 vezes a geração de caixa.
Naquele momento, os principais bancos ainda mantinham abertas as linhas de crédito, apesar da dívida.
A situação piorou quando Queiroz decidiu vender sua participação por meio de um processo aberto do qual participaram 22 empresas. Problema: elas contrataram bancos como assessores -os mesmos que eram credores do grupo Rede.
Essa situação expôs a fragilidade do grupo que, imediatamente, teve fechadas suas linhas de crédito nesses grandes bancos. A geração de caixa ficou comprometida.
A J&F, grupo comandado pelo empresário Joesley Batista, foi uma das interessadas. A Folha apurou que a proposta foi de cerca de R$ 200 milhões. Mas houve oferta de até R$ 400 milhões.
Para ganhar fôlego, Queiroz entrou com um pedido de recuperação judicial no Pará para salvar a Celpa, uma das nove distribuidoras de energia do grupo. A Justiça concedeu, e o empresário recebeu então uma oferta da J&F. Mas o negócio não foi adiante devido ao veto do BNDES.
Com o veto, Queiroz ganhou o direito de negociar a venda da Celpa e do grupo com exclusividade para a CPFL e a Equatorial.
A Celpa acabou sendo vendida para a Equatorial por R$ 1. Sozinha, a concessionária era responsável por um terço da dívida do grupo.
Sem a Celpa, Queiroz só conseguiu ter acesso a empréstimos com bancos de menor porte, entre eles, PanAmericano, Rural, BMG e BVA.
Naquele momento, o valor de mercado do grupo Rede era de R$ 3 bilhões, mesmo com ativos que, em situação normal de gestão, valiam, no mínimo, R$ 8 bilhões.
ÚLTIMA TENTATIVA
No primeiro semestre deste ano, Queiroz fez sua última tentativa de venda antes da intervenção da Aneel nas oito concessões.
A J&F estava com a proposta na mesa, mas, de novo, o BNDES teria vetado. Um dos motivos foi a falta de experiência da J&F no setor elétrico. Além disso, o banco não quis tê-la como parceira em mais uma frente de negócio.
Ambos já são sócios na JBS (frigorífico) e na recém-inaugurada Eldorado, do ramo de celulose. Somando investimento e empréstimo concedidos pelo banco, a J&F já recebeu mais de R$ 10 bilhões.
Agora, Queiroz tem a última chance de vender sua participação para a CPFL e a Equatorial, baseado no acordo de exclusividade.
Na semana passada, o Congresso aprovou a MP que definiu as regras para a intervenção com um novo complicador: nenhuma concessão do setor sob intervenção pode ser negociada com exclusividade. Se o negócio não sair agora, a Caixa poderá ter de assumir o grupo.