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O Brasil que mais cresce
Infraestrutura é obstáculo ao Mapitoba
Centro produtor de soja no Maranhão sofre com a falta de pavimentação nas estradas e de saneamento básico
Aumento da produção de grãos nos próximos anos pode levar a região a uma crise de logística, diz membro do governo
Com o avanço da tecnologia, clima e solo deixaram de ser empecilhos para a expansão do agronegócio no Mapitoba. O maior entrave, hoje, é a infraestrutura.
"É uma região com um futuro promissor, mas a falta de infraestrutura atrasa o progresso", diz Renato Rasmussen, analista do Rabobank.
Os problemas não se restringem à logística. Apagões de comunicação são constantes -a telefonia fixa e a móvel pararam de funcionar em um dos três dias em que a Folha esteve em Balsas (MA).
A população também sofre com a falta de saneamento básico, saúde pública precária e com os buracos nas ruas. Há trechos intransitáveis no centro da cidade.
O prefeito de Balsas, Francisco Coelho, reclama apoio do governo estadual.
"Balsas é uma fronteira agrícola. Era uma cidade de 40 mil habitantes que, de uma hora para a outra, passou para 90 mil. E aí criam-se os problemas", diz.
Nas rodovias do Maranhão, o acesso à maior parte das propriedades é difícil. Não há pavimentação em muitos trechos, que ficam intransitáveis com a chuva.
Já no caminho para a exportação, houve avanços recentes. A conclusão do trecho da ferrovia Norte-Sul de Porto Nacional (TO) até a ferrovia Carajás, que chega ao porto de Itaqui (MA), reduziu o custo do transporte.
PROBLEMAS
Mas a maior movimentação no porto, principal saída para a soja e porta de entrada para os fertilizantes, já causa problemas.
O produtor José Antonio Gorgen é dono de duas misturadoras de adubos, em Balsas (MA) e Uruçuí (PI). Neste ano, importou 211 mil toneladas. Mas, apesar da maior demanda dos produtores, a sua margem de lucro foi espremida por problemas logísticos.
"Tivemos filas de navios o ano inteiro. Todo o lucro que teríamos com fertilizantes vai ser gasto para pagar multas", diz Gorgen, referindo-se a cobranças pelo tempo que o navio aguarda para atracar.
Com o aumento estimado para a produção de grãos na região, problemas são previstos até pelo governo.
"Você duvida que, daqui a quatro ou cinco anos, vamos estar com uma crise logística no Mapitoba?", diz o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz.
Ele encara a situação com naturalidade. "Antes de a lavoura chegar, ninguém vai construir estradas. É o mal da juventude, mas o mal de um país em prosperidade."
O governo federal trabalha para melhorar a logística da região por meio de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A ampliação da capacidade do porto de Itaqui é uma delas. Outra grande obra do PAC prevista para a região é o trecho sul da ferrovia Norte-Sul, de Palmas (TO) a Estrela D'Oeste (SP), que pode facilitar o escoamento da produção para o principal centro consumidor do país.
(TF)