Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Gigantes japonesas de tecnologia tentam reencontrar caminho
Com aumento da concorrência e iene forte, empresas como Sony têm perdas bilionárias e aprofundam demissões
Fabricantes não sofrem o risco imediato de quebra, mas precisam mudar modelo de negócio no médio prazo
Outrora poderosos, os fabricantes japoneses de eletrônicos tiveram mais um ano duro, em que preveem fortes prejuízos devido, especialmente, às fracas vendas de aparelhos de TV.
A Panasonic estima que vá terminar o atual ano financeiro (período que termina em março do ano que vem) com um prejuízo de US$ 8,9 bilhões.
A Sony, por sua vez, teve uma perda de aproximadamente US$ 170 milhões entre julho e setembro, o sétimo trimestre consecutivo de prejuízo.
Já a Sharp, uma empresa centenária que teve seu começo fabricando lapiseiras, prevê um prejuízo recorde de US$ 5,2 bilhões no atual ano fiscal, após perder US$ 4,4 bilhões no ano anterior.
Os principais motivos para os problemas das gigantes japonesas é o aumento da competição de outros fabricantes asiáticos -como a sul-coreana Samsung-, a valorização da moeda local, o iene, e a queda dos preços dos aparelhos de LCD.
A consequência é que essas três empresas adotaram profundos programas de reestruturação.
A Panasonic vai cortar 17 mil empregos (ou 5% da mão de obra global), e a Sony recentemente demitiu 10 mil (6% da sua força de trabalho), na segunda onda de redução desde 2008.
A Sharp está eliminando 5.000 postos de trabalho, no primeiro corte desse tipo em 60 anos.
As empresas japonesas de eletrônicos têm sofrido para mudar seu modelo de negócios de fabricantes de hardware -estratégia bem-sucedida por muitos anos, mas que está se tornando cada vez menos lucrativa- para produtora de softwares e de conteúdo relacionado a eles, que tem como símbolos a Apple e seus iPhones e iPads.
Com os juros baixíssimos do Japão (a taxa básica da terceira maior economia global, esta perto de zero), nenhuma dessas gigantes corre o risco imediato de quebrar, mas, se não fizerem reestruturações profundas e não encontrarem um modelo de negócio que possa gerar lucro, o pior pode ainda está por vir.