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Análise Pressão inflacionária

Governo e BC terão o desafio de conter o consumo em 2013

OTTO NOGAMI ESPECIAL PARA A FOLHA

O Banco Central é responsável, entre outras atribuições, por garantir o poder de compra da moeda nacional.

Como, em geral, os trabalhadores recebem um salário que se mantém inalterado durante o período de um ano, o poder de compra do trabalhador sofre deterioração à medida que ocorre alguma elevação generalizada dos preços, diminuindo sua capacidade de poupar.

Dessa forma, o BC procura manter a inflação dentro de um patamar adequado para o perfil da economia brasileira, o chamado "regime de metas" (hoje de 4,5% ao ano, admitindo o limite de 6,5%).

Para isso, mantém uma quantidade ideal de dinheiro em circulação, além de estimular a formação de poupança, o indutor para os investimentos do setor privado.

O monitoramento do comportamento dos preços na economia é analisado, periodicamente, nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) -constituído por membros da diretoria-executiva do próprio Banco Central e responsável por fixar a taxa referencial de juros (Selic), balizadora da economia.

Nesses encontros, analisam-se e discutem-se, antes da fixação da Selic, a evolução recente da economia; o nível de atividade econômica; as expectativas futuras; o mercado de trabalho; o nível de crédito; o grau de inadimplência e o ambiente externo.

O objetivo é determinar a condição de produção do país ante o desejo e a capacidade de consumo da sociedade brasileira e mundial.

Na medida em que o desejo de consumir é maior que a capacidade de produzir, essa discrepância repercute nos preços -e a inflação surge.

Sendo assim, a tendência de alta nos preços é a sinalização de que as condições de produção não estão adequadas ao nível de consumo, tanto interno como externo.

Isso ocorre por duas razões: aumento da disponibilidade de crédito associado à queda da taxa de juros e a inadequação das condições de produção para atender ao aumento da demanda.

E tal falta de produção pode estar associada à falta de investimentos, tanto do setor privado quanto do público -notadamente, no que diz respeito à infraestrutura.

E a falta de investimentos, por sua vez, está diretamente associada à baixa capacidade de poupar da sociedade brasileira.

Ainda conforme esse ciclo, à medida que sobe o nível de endividamento das famílias, diminui sua capacidade de poupar, o que reduz o potencial de investimentos para a adequação e a ampliação da capacidade produtiva.

Por outro lado, o aumento real de salários estimula o consumo, o que faz aumentar, ainda mais, a defasagem entre o desejo de consumir e a capacidade de produzir.

Observamos que o setor produtivo nacional está postergando seus projetos de investimento. Então, restaria ao governo e ao Banco Central -para conter o consumo e a subsequente pressão inflacionária- perseguir algumas saídas. Exemplos a seguir:

Permitir o aumento do volume de importações, derrubando as barreiras alfandegárias; reduzir os gastos governamentais (custeio, investimentos voltados ao bem-estar da sociedade e infraestrutura, programas sociais etc.); reduzir a disponibilidade de crédito, diminuindo a quantidade de moeda em circulação; ou reduzir o consumo das famílias por meio da elevação da taxa de juros.

Na primeira reunião do Copom deste ano, nesta semana, é que teremos pistas indicativas sobre por quais dessas rotas seguirão o governo e o Banco Central ao longo de 2013. Ficaremos de olho.


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