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Benefício fiscal pesa, mas não é decisivo
Diretor da Comil diz que Lorena foi escolhida pela proximidade com fabricantes de chassis e fornecedores de aço
Prefeito pretende rever política de doação de terrenos, usada no passado para atrair novos investimentos
Antes de decidir instalar sua planta de 210 mil m² em Lorena, com capacidade para produzir 20 ônibus por dia, a empresa gaúcha Comil avaliou oportunidades em Juiz de Fora (MG) e Resende (RJ).
"A decisão jamais seria pautada pela questão tributária", diz o diretor-geral da Comil, Sílvio Calegaro. "Há outras cidades tão ou mais agressivas. O que pesa é a melhor situação operacional."
Na reta final, Juiz de Fora perdeu por falta de terrenos planos e baratos. Já Resende perdeu devido ao excesso de concorrência por mão de obra. A cidade fluminense é sede, dentre outras empresas, da MAN Latin America (Volkswagen) e vai abrigar a nova fábrica da Nissan.
A proximidade dos fabricantes de chassi -MAN (Resende) e Mercedes (São Bernardo); dos fornecedores de aço de Minas; e do mercado consumidor dará mais competitividade à Comil.
"Temos concorrentes que desfrutam de incentivos no Rio", diz Calegaro. "A produção da carroceria mais simples em Erechim (RS) não nos dá mais resultado."
A nova fábrica, diz Calegaro, será totalmente automatizada. "A produção de ônibus é ainda muito artesanal. Mas vamos ter padrão de qualidade que não existe hoje no Brasil", defende.
Mesmo sem contrato firmado com a Comil, a presença da empresa na cidade atraiu a americana Metalcrafters, que pretende investir R$ 15 milhões em Lorena.
Especializada em motores elétricos para ônibus e caminhões, a Metalcrafters também foi atraída pela proximidade com a Embraer, uma vez que fornece peças e materiais para indústria aeroespacial.
DOAÇÃO DE TERRENO
Uma das políticas de atração de investimentos implementada pela administração passada foi a doação de terrenos -mas a fatura chegou e a prefeitura não tem fundos para pagar. "A crise é grande e não temos como manter essa política", diz o novo prefeito de Lorena, Fabio Marcondes (PSDB).
É o caso da fábrica da AEQ, empresa de explosivos para a área de defesa que promete gerar 200 empregos com R$ 20 milhões. As obras começaram e a prefeitura ainda tem de pagar R$ 400 mil para o dono do terreno.
Há ainda o caso de um grupo português que conseguiu que a antiga administração doasse o terreno para a construção de um shopping, mas que Marcondes diz que não há como pagar.
Em meio ao imbróglio, um grupo de investidores locais, com terreno próprio, saiu na frente e promete iniciar, em abril, as obras de um shopping às margens da via Dutra. (MARIANA BARBOSA)