São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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Commodities

Falta verba para enriquecer urânio no país

Sem a garantia de investimento de R$ 133 mi em fábrica, produção do combustível nuclear atrasa mais três anos

País busca parceiro internacional para apressar conversão de urânio em gás; Marinha pode ser alternativa

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

O objetivo do Brasil de alcançar a autossuficiência em todas as etapas da produção de combustível nuclear sofrerá um atraso de pelo menos três anos, segundo o presidente da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), Alfredo Tranjan Filho.
Antes prevista para 2015, a meta deverá ser atingida em 2018, somente se houver verba para iniciar a construção em 2012 de uma fábrica de centrífugas para o enriquecimento de urânio. O valor, de R$ 133 milhões, ainda não está garantido.
O Brasil tem a sexta maior reserva conhecida de urânio: pouco mais de 300 mil toneladas, o suficiente para manter 20 usinas atômicas de eletricidade em funcionamento por 60 anos.
O país, no entanto, hoje depende de fabricantes no exterior para duas etapas da produção do combustível para as usinas de Angra 1 e 2: a conversão do urânio concentrado em gás e o enriquecimento propriamente.
Se cumprir seus planos, disse Tranjan, o Brasil poderá chegar a 2020 com capacidade para "eventualmente fazer parte do mercado internacional" de combustível, mesmo que precise abastecer novas usinas além de Angra 3, que está em construção.
O governo adiou a decisão de construir mais quatro usinas depois do acidente de Fukushima (Japão), atingida pela tsunami de março. "Se de fato vão fazer e querem que os combustíveis sejam feitos aqui, com tecnologia brasileira, temos também que investir na área dos ciclos, não apenas dos reatores", afirmou Tranjan.
Ele disse que o governo busca sócios internacionais para construir fábricas de conversão de urânio em gás. Se não conseguir, trabalhará apenas com o Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo, que inaugura em dezembro uma usina-piloto capaz de produzir 40 toneladas de gás por ano.
"Preciso de 2.000 toneladas e em 2018 vou precisar de 3.000. Tenho de esperar essa unidade entrar em operação, produzir parâmetros para gerar uma escala e a partir disso desenvolvermos duas unidades de 1.500."
Em seminário do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre segurança nuclear, o ministro do TCU responsável pela inspeção da área, Augusto Sherman, afirmou que o país tem "bom nível" de segurança nuclear.
"As instituições estão fazendo um bom trabalho, 97% das instalações de alto e médio risco têm a licença renovada anualmente. Nas usinas, os procedimentos da Eletronuclear são rígidos."
Sherman, porém, disse que há um deficit de 796 funcionários na CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), responsável por licenciamento, fiscalização, fomento e pesquisa e à qual a INB está subordinada.
Segundo ele, até 2014, 43% dos 2.500 servidores da Cnen, que têm idade média de 55 anos, estarão aptos à aposentadoria. No ano passado, foi feito um concurso para 203 vagas, mas restrições orçamentárias permitiram contratar somente 152.


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