São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011
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ANÁLISE Com mais renda e crédito, brasileiro vira consumidor global TONY VOLPON ESPECIAL PARA A FOLHA Os dados do balanço de pagamentos de julho, divulgados pelo Banco Central, trouxeram um dado interessante: as despesas líquidas com viagens internacionais totalizaram US$ 1,7 bilhão, com aumento de 42,9% nas despesas de brasileiros no exterior. Parece que os brasileiros estão levando a nossa nova cultura de consumo e de crédito bem além das nossas fronteiras. Seria isso algo preocupante? As razões para a explosão no consumo externo são bem conhecidas. A renda e o acesso ao crédito têm aumentado bastante nos últimos anos, o que leva o consumidor a demandar produtos melhores e mais caros. A apreciação do real diante de quase todas as outras moedas potencializa ainda mais esse aumento da renda em moeda estrangeira. A internet cria tendências de consumo globais, o que privilegia certas marcas internacionais, elevando a demanda por esses produtos em relação a marcas domésticas. Finalmente, temos de lembrar que muitos produtos, especialmente eletrônicos e artigos de luxo, sofrem tributação proibitiva no Brasil, o que gera um incentivo claro para sua compra no exterior. Não há hoje nenhuma loja "de grife" que não tenha vendedores brasileiros para atender esse "turismo de alto consumo". O português é "língua franca" na Quinta Avenida e na Champs-Elysées. A reação do governo diante desses fatos demonstra certa incoerência. Afinal, uma maneira de depreciar o real seria aumentar a demanda por dólares, o que nosso turista-consumidor está mais do que preparado para fazer. Já que, de uma forma ou de outra, nosso consumidor vai comprar esses produtos, seria melhor derrubar a tributação e pelo menos deixar a receita de comercialização aqui no Brasil e não no exterior. Afinal, nada cria tantos empregos como o comércio. Do ponto de vista macroeconômico, não consideramos as quantias muito relevantes dada a abundante oferta de recursos que o país tem hoje. O melhor seria, por exemplo, investir mais para aumentar o turismo estrangeiro no Brasil. Podemos, como consumidores globais, querer o mais recente lançamento da Apple, não importa como for ou onde, mas há certamente também muitos estrangeiros que gostariam de desfrutar das nossas belezas naturais. TONY VOLPON é analista do Nomura Securities. Texto Anterior: Não compro nada no Brasil, diz paulistana Próximo Texto: Minha História - Aderbal Nogueira, 43: O vendedor de picolé Índice | Comunicar Erros |
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