São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2011

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Argentino quer mais aeroportos no Brasil

Presidente do consórcio que venceu leilão da concessão de Natal diz que disputará Viracopos, Guarulhos e Brasília

Gutiérrez nega ter pago caro por concessão de Natal e que terminais argentinos sejam problemáticos

SYLVIA COLOMBO

DE BUENOS AIRES

A Corporación América, parte do consórcio Inframérica, que venceu o leilão de privatização do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na grande Natal (RN), pretende entrar na competição pelas privatizações dos aeroportos de São Paulo, Brasília e Viracopos.
O leilão de concessão desses aeroportos está previsto para dezembro.
Em entrevista à Folha, em Buenos Aires, Ernesto Gutiérrez, presidente da Aeropuertos Argentina 2000, que integra a Corporación América, disse que a operação no Rio Grande do Norte vai ser o pontapé inicial de sua entrada no Brasil.
A empresa, que administra 47 aeroportos, sendo 35 na Argentina, quer expandir-se para o país vizinho por conta do potencial que vê, principalmente, com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.
"As pessoas têm uma imagem na memória sobre o Brasil, mas não conhecem o Brasil moderno que estará aí daqui a alguns anos, que é quando queremos estar operando plenamente no país", diz Gutiérrez.
O executivo não acha que o valor pago tenha sido alto demais. O consórcio Inframérica (sociedade com a brasileira Engevix) deu lance de R$ 170 milhões, três vezes o valor mínimo fixado no edital. Esse é o valor a pagar à União, dividido em parcelas anuais, pelo direito de explorar o aeroporto por 28 anos.
"Se considerarmos o potencial de movimento que irá trazer nos próximos anos, e o fato de que poderemos pagar em tantas prestações, não é um valor tão alto."
O Inframérica terá de investir mais R$ 650 milhões ao longo do período, mais da metade até 2014. O aeroporto já tem pista, obra de R$ 250 milhões custeada pela União.
Gutiérrez diz que serão usados recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de bancos estrangeiros, como o J.P. Morgan e o Credit Suisse.
Assim como no Brasil, a AA2000 pagou um ágio altíssimo para arrematar a concessão dos aeroportos da Argentina, em 1998.
A AA 2000 ofereceu um valor quatro vezes maior do que o lance mínimo: levou 33 aeroportos com a obrigação de pagar US$ 170 milhões em royalties por ano ao Estado.
Mas o valor nunca foi pago. A empresa chegou a ser denunciada pela Auditoria Geral da Nação por descumprir o contrato e atrasar o repasse de royalties.
Em 2007, durante a gestão de Néstor Kirchner (2003-2007), o contrato foi renegociado e a empresa passou a pagar um valor variável de royalties, de 15% das receitas.
Gutiérrez justifica os problemas iniciais dizendo que as regras eram muito rígidas, mas que depois foram ajustando-se e hoje pensa que opera bem. "Não se previu um efeito Tequila, um 11 de Setembro, um crash como o de 2008 nos EUA."
A Corporación América pertence ao empresário argentino de origem armênia Eduardo Eurnekian, muito próximo da Casa Rosada.
No Rio Grande do Norte, já estão sendo feitos estudos prévios às novas obras. A previsão é que esteja tudo pronto em dois anos e meio, em tempo para a Copa.
Como no aeroporto de Montevidéu, em que convidaram um famoso arquiteto, o uruguaio Rafael Viñoly, para fazer o projeto, no Rio Grande do Norte deve ocorrer o mesmo. "Escolhemos alguns nomes e fazemos um concurso. Ainda não podemos divulgar os nomes."

Colaborou MARIANA BARBOSA, de São Paulo


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