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Análise
Líder manteve relacionamento difícil com a União Europeia
GIDEON RACHMAN DO “FINANCIAL TIMES”Margaret Thatcher teve sobre o palco mundial um impacto que continua a ser sentido até hoje.
Os três aspectos mais importantes de seu legado foram seu impacto sobre a globalização, sobre a União Europeia e sobre a Guerra Fria. Dos três, apenas as questões referentes à Guerra Fria já foram relegadas ao passado.
Thatcher chegou ao poder em 1979, um ano depois de Deng Xiaoping na China e um ano antes de Ronald Reagan nos Estados Unidos. Às suas maneiras distintas, os três líderes seriam críticos para o deslanchar das forças do capitalismo global que seguem moldando o mundo até hoje.
Uma das primeiras iniciativas de Thatcher como primeira-ministra foi abolir os controles de câmbio no Reino Unido -medida crucial para a ascensão da City de Londres como proeminente centro financeiro internacional. As reformas financeiras de meados dos anos 1980, apelidadas de "big bang", levaram adiante essa campanha de desregulamentação.
Thatcher e Reagan também ajudaram a popularizar a ideia de que os impostos sobre os ricos precisavam ser reduzidos para incentivar o dinamismo econômico.
Entretanto, embora Thatcher defendesse a globalização econômica, em matéria de política era proponente do Estado-nação independente. A tensão entre essas duas posições definiu seu relacionamento difícil com a UE.
Embora favorável à lei que criou o mercado único europeu, em 1986, Thatcher se recusou a aderir à ideia de uma moeda única europeia.
Foi a oposição intransigente de Thatcher ao rumo que a União Europeia estava tomando que levou a uma rebelião em seu partido, que, por sua vez, acabou por afastá-la do cargo de premiê em 1990.
Mas os thatcheritas consideram que o acerto das posições dela acabou por ser comprovado. O euro está, de fato, levando a importantes erosões da soberania nacional. E está enfrentando dificuldades, de maneiras que Thatcher previu.
Tradução de CLARA ALLAIN