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Imigrantes apontam cobrança de taxa indevida e extorsão
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASILEIADesembolsar até US$ 200 a taxistas para cruzar a fronteira entre o Peru e o Acre, ser extorquido por policiais peruanos e, sem dinheiro, ainda ter que pagar para conseguir emprego. Esse é o cenário descrito pela maioria dos haitianos já regularizados que permanecem em abrigo estatal em Brasileia à espera de empresas que os recrutem.
Dois ou três conterrâneos, afirmam os haitianos, têm atuado como intermediários, cobrando até R$ 50 para incluir seus nomes em listas para representantes de empresas que vão até o abrigo.
Chamados entre os haitianos de "tradutores", eles desfrutam de vantagens dentro do abrigo e "despacham" de uma salinha nos fundos. O pagamento dessa "taxa de recolocação", mesmo estando regularizados no país, é a maior queixa dos imigrantes.
Antes de se instaurar no abrigo um "poder paralelo", os haitianos se apresentavam aos empregadores em filas, onde eram escolhidos por aptidões e porte físico. Eles já foram empregados como garis, jardineiros, em fábricas de embalagens e de cimento e na indústria de alimentos.
O governo do Acre, que administra o abrigo, informou que só agora detectou que haitianos pagavam para obter emprego e, por isso, "institucionalizou as contratações", que passarão a ocorrer em um posto fora do abrigo.
A Folha apurou que a força-tarefa coordenada pelo Ministério da Justiça também identificou o problema e enviará duas funcionárias do Ministério do Desenvolvimento Social para gerir o abrigo e extinguir a intermediação paga no local.
A reportagem não conseguiu contato com a polícia peruana para comentar as acusações dos haitianos. (RTJ)