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Mercosul confirma negociações para integrar o Equador
Anúncio se dá em meio à incerteza sobre volta do Paraguai ao bloco; Bolívia assinou protocolo de adesão em dezembro
Equatorianos dizem esperar que processo dure até dez meses, e que, até lá, já tenham fechado acordo com UE
O Uruguai, país que ocupa temporariamente a presidência do Mercosul, confirmou ontem que o Equador iniciou as negociações para se integrar ao bloco.
O movimento se dá em meio à incerteza sobre o retorno do Paraguai, país fundador do Mercosul, ao grupo.
Desde que o país foi suspenso, em junho de 2012, o Mercosul formalizou a entrada da Venezuela, e a Bolívia assinou o protocolo de adesão, em dezembro --falta apenas a ratificação pelos Parlamentos dos demais integrantes para que La Paz se torne membro oficial.
"O Uruguai, no exercício da presidência pro tempore' do Mercosul, saúda com suma concordância e se congratula especialmente com a decisão do Equador de iniciar as negociações do protocolo de adesão como membro pleno do bloco", disse a chancelaria uruguaia, em nota.
Consultado pela Folha, o Itamaraty confirmou que as conversas com o Equador já estão em curso.
A manifestação pública de Montevidéu teria vindo, segundo diplomatas brasileiros, em resposta ao anúncio do presidente Rafael Correa, no último sábado, de que iniciaria a negociação do Protocolo de Adesão.
O Equador é hoje membro associado do bloco, como Bolívia, Chile, Peru e Colômbia.
Segundo o comunicado do Uruguai, "este é um passo fundamental na integração latino-americana, orientado a garantir os processos nacionais de fortalecimento da democracia, do desenvolvimento e da inclusão social".
O Paraguai foi suspenso em junho depois de Brasil, Argentina e Uruguai considerarem que houve uma "quebra da vigência democrática" no país após o impeachment-relâmpago de Fernando Lugo.
As eleições presidenciais no país, realizadas em 21 de abril, eram colocadas como pré-requisito fundamental para atestar o retorno da democracia ao Paraguai e garantir sua volta ao bloco.
No entanto, após a vitória do colorado Horacio Cartes, o Brasil considera condicionar o retorno paraguaio à aprovação, no Senado do país, da inclusão da Venezuela, segundo fontes do governo.
Em agosto, com o Paraguai já suspenso do Mercosul, os senadores do país --em sua maioria colorados-- votaram contra a entrada da Venezuela no bloco.
Em discurso transmitido pela TV, Correa disse que o objetivo do Equador é ingressar no Mercosul depois que o país finalizar um acordo comercial com a União Europeia.
"A negociação para entrar no Mercosul levará oito ou dez meses, e esperamos que, nesse tempo, já se feche o acordo com a UE", disse Correa. (ISABEL FLECK)