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Se provada, espionagem é grave, diz Merkel
Na China, chanceler fala pela 1ª vez de agente alemão acusado de trabalhar para os EUA; americanos não comentam
Revelado pela mídia da Alemanha, caso reaviva mal-estar com grampo da NSA ao telefone de Merkel no ano passado
Em visita oficial à China, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta segunda-feira (7) que considera grave o caso do agente do serviço de inteligência de seu país acusado de espionar para os EUA, revelado pela imprensa alemã na semana passada.
"Se as informações forem exatas, é um caso grave", disse Merkel durante entrevista coletiva em Pequim ao lado do premiê chinês, Li Keqiang.
"No meu entendimento, seria uma evidente contradição com o que considero uma cooperação de total confiança entre as agências [de inteligência] e os países sócios", acrescentou a chanceler, nas suas primeiras declarações desde a eclosão do caso.
Na quarta-feira passada, um homem de 31 anos cujo nome ainda não foi revelado foi detido na Alemanha --de acordo com promotores do país, ele é suspeito de ter vazado mais de 200 documentos secretos entre 2012 e 2014.
Inicialmente, suspeitava-se que ele espionasse para a Rússia. Mas, segundo reportagens de veículos de imprensa alemães, ele era um empregado do serviço de inteligência externa do país e confessou ao procurador-geral que vendeu serviços aos EUA.
Falando sob anonimato à agência Associated Press, uma autoridade do governo americano disse que o tema não foi tratado na conversa telefônica entre o presidente Barack Obama e a chanceler alemã na quinta passada (3).
Obama, segundo ele, ainda não estava ciente do caso, e o objetivo do telefonema era abordar outros assuntos na relação entre os dois países.
Nesta segunda, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, declarou não estar "em posição de comentar", já que se trata de investigação conduzida por autoridades alemãs. O governo americano, porém, prometeu trabalhar com a Alemanha para esclarecer a situação se for necessário.
Neste domingo (6), o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, e o do Interior, Thomas de Maizière, entre outras autoridades, pediram resposta rápida ao caso.
NOVA SAIA JUSTA
Mesmo sem confirmações oficiais por parte dos governos envolvidos, a notícia ajudou a reavivar o mal-estar gerado no ano passado pela revelação de que Merkel teve seu celular grampeado pela NSA, a Agência de Segurança Nacional norte-americana.
A espionagem dos EUA contra países aliados, divulgada pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden (hoje asilado na Rússia), incluiu também a presidente brasileira, Dilma Rousseff. Em 2013, Dilma cancelou visita de Estado a Washington em razão da má repercussão do episódio.