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Eleições nos EUA

Filme anti-Obama mostra guru brasileiro

Mangabeira Unger é visto como mentor do democrata, seu ex-aluno, no documentário "2016: Obama's America"

Cerca de 800 pessoas protestaram ontem em Charlotte enquanto voluntários montavam convenção democrata

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL À CHARLOTTE

Entre os "vilões" de "2016: Obama's America" (a América de Obama em 2016) -uma versão direitista do estilo Michael Moore de fazer documentários que mira o presidente em plena campanha à reeleição-, está um brasileiro.

Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro do governo Lula e ex-professor de Barack Obama em Harvard, aparece no filme do ensaísta conservador Dinesh D'Souza como um dos cinco grandes mentores do democrata.

Com ele, são citados Bill Ayers (do grupo radical Weather Underground) e o controverso pastor Jeremiah Wright.

"Unger é um socialista que deixou Harvard para se unir ao governo socialista do Brasil, mas até eles o acharam esquerdista demais e o chutaram", narra D'Souza, criticando a suposta influência de Mangabeira sobre Obama (David Remnick, biógrafo do presidente, a considera pífia).

O filme ainda ataca os acordos de energia com Brasília.

"2016" amarra trechos das memórias de Obama, "A Origem dos meus Sonhos", a entrevistas com especialistas conservadores e dramatizações para concluir que o presidente tenta destruir a essência americana movido por uma suposta herança anticolonialista.

"É assustador", disse à Folha Tricia Horn, que assistia ao filme em Charlotte, cidade que recebe amanhã a convenção do Partido Democrata.

Seu marido, Ed Horn, vê "algum exagero", mas aceita a premissa. "Crescemos no ideal capitalista. Mas Obama nunca lidou com uma folha de pagamento nem trabalhou para uma empresa que vise lucro, ele não entende isso."

Enquanto a plateia 100% branca enchia a sala de cinema no sul de Charlotte -uma das 1.800 do país a exibir o filme, o dobro da semana passada-, cerca de 800 pessoas faziam passeata no centro da cidade, sob o olhar da polícia. Ao menos duas foram detidas. Ao mesmo tempo, voluntários montavam a convenção. Entre cartazes e gritos difusos, havia críticas a Obama, à oposição republicana e ao sistema financeiro, além de ecos do movimento "Ocupe Wall Street", que promete agitar o evento que culmina na quinta, quando Obama aceitará a candidatura e discursará para esperadas 74 mil pessoas.

Pesquisa divulgada ontem pela agência Reuters mostra o presidente empatado em 45% das preferências com seu rival, Mitt Romney, após a convenção republicana, encerrada na última quinta.

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