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ilustrada em cima da hora Democracias desvirtuaram a liberdade, diz Todorov Pensador criticou atuação dos EUA em palestra realizada em São Paulo Para o filósofo e crítico, causa humanitária se tornou um pretexto para controlar, impor e reprimir países DE SÃO PAULO"Ideias nobres já causaram muita dor e lágrimas ao mundo", afirmou o o francês (de origem búlgara) Tzvetan Todorov, em palestra ontem à noite em São Paulo. O crítico literário e teórico do estruturalismo apresentou na série Fronteiras do Pensamento a conferência "Três Ondas do Messianismo Político: Colonialismo, Comunismo, Guerras Humanitárias". Por uma hora, ele se dedicou a analisar o que chama de messianismo político. O termo se refere aos objetivos políticos de transformar não apenas a sociedade, mas o próprio homem, e que muitas vezes desembocam em repressão e violência. Também é esse o tema do livro que ele lança agora no Brasil, "Os Inimigos Íntimos da Democracia" (editora Companhia das Letras; R$ 39,50; 216 págs.). Partindo do exemplo da Revolução Francesa, o pensador abordou a forma como os conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade foram desvirtuados. "A Revolução foi seguida pelo terror. Para atingir o bem supremo, todos os caminhos utilizados para consegui-lo eram bons. Mas, o que era um meio, se tornou um fim em si mesmo. Os revolucionários absorveram todas as forças do poder e guilhotina não pode ser detida." O passo seguinte desse processo, para Todorov, ocorreu com o florescimento do comunismo. "A transformação da humanidade prevista pelos comunistas era tão radical que, para eles, era inconcebível realizá-la sem a efusão de sangue", argumentou. Antes de se radicar em Paris, no começo dos anos 1960, Todorov viveu sob o governo da Bulgária comunista. Dessa fase, guardou a consciência de um paradoxo: o de que "todo esse mal foi gerado em nome do bem, foi apresentado em nome da igualdade". Viver em um regime democrático, contudo, não apaziguou o seu senso crítico. É nas democracias contemporâneas, principalmente os EUA, onde ele vê surgir as novas ameaças de totalitarismo. Em seu discurso, apontou como exemplo a invasão do Iraque em 2003. "As causas humanitárias tornaram-se motivos para repressão, para controlar outros Estados", disse. "É o mesmo princípio messiânico de, por meio da pura retórica, impor a vontade de um país sobre todo o resto do planeta." Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros |
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