Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Papel de debates no resultado das eleições é controverso

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um dos muitos mitos sobre o poder de técnicas de comunicação para decidir eleições é o de que debates entre os candidatos são capazes de fazer grandes contingentes de eleitores mudarem sua intenção de voto em razão do desempenho melhor ou pior de cada um deles.

Não há na literatura científica nenhuma comprovação de que isso tenha ocorrido alguma vez, apesar da lenda de que John Kennedy venceu Richard Nixon em 1960 porque estava bronzeado, sorridente e bem barbeado e seu oponente, pálido, carrancudo e com sombra de barba mal feita no rosto.

Os quatro debates de 1960 foram acompanhados metodicamente por muitos cientistas sociais.

Kennedy foi considerado vitorioso em um, Nixon no outro e dois terminaram empatados.

Mas, como a votação foi a segunda mais apertada da história (114.673 votos de diferença num total de 68.828.960), pode ser que os debates tenham ajudado Kennedy a vencer, por motivarem as bases de seu partido, até então um pouco desconfiadas do jovem senador católico, a irem às urnas.

Assim como o bom tempo no dia do pleito em todo o país pode ter sido ainda mais decisivo a favor de Kennedy. Ninguém pode ter certeza.

O que as pesquisas mostraram foi que muito pouca gente que pretendia votar em Nixon ou Kennedy mudou de ideia e votou no adversário em razão do desempenho no debate.

SIMPATIA

Em 2000, outra eleição muito disputada, os debates entre George W. Bush, com seu jeito bonachão e simpático, e Al Gore, de aparência arrogante e intimidante, podem ter ajudado Bush a ganhar mais votos do que teria (embora, no total nacional, ele tenha tido menos do que Gore, mas o suficiente para vencer no Colégio Eleitoral).

Nem gafes gritantes ou desempenhos indiscutivelmente fracos (Ford em 1976, Reagan em 1984) parecem ter tido influência decisiva no resultado final.

Resta ver como a repercussão nas redes sociais, que pela primeira vez serão atores relevantes após os debates, poderá ajudar a fazer simpatizantes de um ou outro candidato irem votar, este sim um fator determinante.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é é editor da revista "Política Externa" e autor de "Correspondente Internacional" (Contexto).

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.