Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Chefe do BC dos EUA nega guerra cambial

Ben Bernanke responde a críticas do Brasil e de outros emergentes e defende sua política monetária em reunião do FMI

Injeção de dinheiro nos EUA ajuda o mundo, diz presidente do Fed; para Mantega, ela deprecia o dólar e é política egoísta

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Em resposta a críticas crescentes de países emergentes como o Brasil, o presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, disse ontem que a política americana de afrouxamento monetário ("quantitative easing") ajuda a economia global ao estimular o consumo e negou que provoque "guerra cambial".

A política monetária "não só ajuda a fortalecer a recuperação da economia dos EUA, mas, ao impulsionar o gasto e o crescimento americanos, tem o efeito de apoiar a economia global também", disse Bernanke, no último dia do encontro anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, em Tóquio.

"Não é tão evidente que as políticas acomodativas em economias avançadas imponham custos às dos mercados emergentes", completou.

A crítica contra a ação americana voltou a se intensificar a partir de meados do mês passado, com o início da terceira rodada de afrouxamento monetário (QE3). Desta vez, o Fed injetará mensalmente US$ 40 bilhões na economia do país, por meio da compra de papéis lastreados em hipotecas. A medida é por tempo indeterminado.

Talvez o mais ativo crítico mundial da estratégia americana, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, disse que se trata de uma "política egoísta", em discurso feito anteontem em Tóquio.

Para ele, não há evidências da eficiência dessa política em estimular o crescimento, mas está claro que o afrouxamento promove forte depreciação do dólar, por meio da entrada de uma enxurrada de "fluxos de capitais voláteis" em países emergentes.

Bernanke, no entanto, disse que a relação entre o afrouxamento monetário e o fluxo de capitais especulativos "é mais solta do que algumas vezes se pressupõe".

DISPUTAS

A divergência entre EUA e emergentes sobre a política monetária foi só uma das que vieram à tona no encontro encerrado ontem em Tóquio.

A reunião foi marcada também por declarações conflitantes entre o FMI e a Alemanha sobre como implantar medidas de austeridade na zona do euro -principalmente em torno da Grécia- e pela ausência de altos funcionários da China, a segunda economia mundial, em retaliação à crise diplomática com o Japão por causa da disputa de um arquipélago.

"Se a economia global estava com problemas antes do encontro anual do Banco Mundial e do FMI na semana passada, é difícil acreditar que agora navega tranquilamente", escreveu o ex-secretário do Tesouro dos EUA Lawrence Summers em artigo no jornal "Financial Times".

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.