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Em Israel, Patriota diz que Brasil rejeita opção de ataque contra Irã

Chanceler pediu ainda retomada do diálogo com os palestinos

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Em sua primeira visita a Israel como chanceler, o ministro Antonio Patriota teve ontem uma maratona de encontros com a cúpula política do país, na qual reiterou o repúdio do Brasil a uma ação militar contra o Irã.

O governo de Israel considera as ambições nucleares iranianas uma ameaça existencial ao país. E deixa claro que não descarta um ataque para impedir a bomba atômica, mesmo que Teerã afirme que seu programa tem apenas fins pacíficos.

Em Jerusalém, Patriota rejeitou a posição israelense de que "todas as opções devem estar sobre a mesa". O chanceler disse que o Brasil não aceita ações unilaterais, apenas "as opções legais".

A diferença de posições em relação ao Irã foi o principal ponto de divergência nos encontros do ministro. A conversa com o presidente israelense, Shimon Peres, entretanto, chegou a gerar um mal-estar, levando Patriota a fazer um desmentido.

O motivo foi um comunicado da assessoria do presidente relatando que Peres pedira a Patriota que o Brasil boicote futuros encontros com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Horas mais tarde, ao encontrar-se com o chanceler de Israel, Avigdor Liberman, Patriota desmentiu o pedido. "Todos os presentes sabem que não é verdade", afirmou.

Consultada pela Folha, a assessoria do presidente israelense manteve o teor do comunicado, afirmando que, mesmo que a palavra boicote não tenha sido usada, essa foi a mensagem que Peres transmitira a Patriota.

O ex-presidente Lula esteve com Ahmadinejad em Brasília e Teerã. Mas em junho, quando foi ao Brasil para a Rio+20, o iraniano teve pedido de encontro com a presidente Dilma Rousseff negado. O Itamaraty diz que o motivo foi falta de tempo.

NAZISTA

O discurso mais duro contra o Irã ouvido ontem por Patriota partiu do chanceler israelense, Avigdor Liberman, que comparou o regime persa à ditadura nazista.

"As potências ocidentais tentaram apaziguar Hitler e nós sabemos qual foi o trágico resultado, principalmente para o povo judeu", disse, em defesa de mais pressão contra o Irã. "Espero que o mundo ocidental não repita os mesmos erros."

No encontro com o premiê Binyamin Netanyahu, Patriota manifestou sua decepção com a paralisia no processo de paz com os palestinos, que já dura quatro anos. Netanyahu disse que tem interesse na negociação, mas não há cooperação palestina.

A eleição israelense foi confirmada ontem para 22 de janeiro, e o premiê está em plena campanha. Ao se despedir de Patriota, ele manifestou confiança na reeleição. "Tenho uma eleição para ganhar", disse.

Hoje, Patriota vai à cidade palestina de Ramallah, onde se reunirá com o presidente, Mahmoud Abbas, e o premiê, Salam Fayyad.

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