Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Depoimento
Em Harvard, 'Frankenstorm' resumiu-se a derrubar árvores
A gente sabe que não verá vacas voando, como no filme de furacão. Mas nem as bandeiras americanas voaram
Quando esteve mais furiosa, Sandy lembrava aqueles minutos de ventania em que portas e janelas batem antes de chuvaradas grossas em São Paulo. Mas a chuva veio fina, sem raios ou trovões. O vento não assobiou.
A "Frankenstorm" chegou no começo da noite de segunda em Cambridge, onde ficam Harvard e o MIT. Seria a "tempestade perfeita", se dizia quase com orgulho, Frankenstein mistura de furacão, frente polar e tempestade invernal.
A gente sabe que não verá vacas voando, como no filme de furacão. Mas nem as bandeiras americanas voaram dos mastros. Na terça de manhã, o céu estava azul, e a pilha de TVs velhas continuava empilhada no quintal de despejo do prédio.
O vento debulhou apenas as árvores das folhas vermelhas e amarelo-ouro desta época. O ar estava ainda mais limpo, lavado por vento e chuva, com cheiro de musgo e folhas caídas.
No sábado, havia promoções nos mercados, "Frankenstorm Specials", vinhos e queijos com desconto. Pelo celular, a companhia de luz, a de cabo, a universidade e a "defesa civil" avisavam do perigo, "estoquem água, comida e lanternas".
Um rio lindo e limpo separa Boston de Cambridge pouco antes da foz, o Charles. Não subiu. A água na rua não cobria o salto do sapato. A ressaca nas praias impressionava menos que as da zona sul do Rio.
Os repórteres de TV, paramentados para tornados sublimes, ficaram sem assunto na cobertura "full time".
Por precaução, Cambridge e Boston pararam na segunda. Metrôs e ônibus foram recolhidos às 14h. Escolas e universidades fecharam na manhã de céu cinza e brisa.
Umas 300 mil pessoas ficaram sem luz por algumas horas, 5% de Massachusetts.
Caíram algumas árvores. Foi isso.
Notícias
Semanais
Pesquisas
Pesquise as edições anteriores
Busca