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Brasil só reconhecerá a oposição síria depois da ONU
Governo quer reforçar papel do Conselho de Segurança e teme fornecimento de armas por países a órgão rebelde
O governo brasileiro não vai reconhecer a coalizão de oposição síria, formada no último fim de semana, como representante para o diálogo com o regime enquanto o Conselho de Segurança da ONU não se manifestar pela legitimidade do grupo.
A decisão se assemelha à tomada pelo Brasil durante o conflito na Líbia, quando foi um dos últimos países a reconhecer o Conselho Nacional de Transição. A decisão só se deu quando, em setembro de 2011, a Assembleia-Geral da ONU decidiu entregar o assento da Líbia ao órgão rebelde.
Segundo o Itamaraty, a unificação da oposição, firmada nesta semana, é "bem-vinda", mas é preciso que ela seja avalizada pela ONU.
"É necessário que o Conselho de Segurança reconheça antes a legitimidade desse novo ator na negociação", disse o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes.
A posição é uma forma de reforçar o papel do Conselho de Segurança ante outros grupos formados para discutir o conflito no país, como o Grupo de Amigos da Síria.
Outra preocupação do Brasil é a escalada da violência, uma vez que a possibilidade de armar a oposição já vem sendo considerada abertamente por países como a França. Em discurso anteontem, o presidente François Hollande reconheceu a coalizão e disse que estudaria o envio de armas ao conselho rebelde.
A Liga Árabe também já reconheceu os opositores e conclamou outros movimentos contrários ao regime de Assad a se unirem à coalizão.
Ontem, o presidente Barack Obama elogiou a criação de um "novo e mais representativo" conselho da oposição, mas disse que o país não está pronto para reconhecer o grupo como um "governo no exílio" ou armá-lo.
MISSÃO DE PAZ
Anteontem, o chanceler Antonio Patriota declarou que o Brasil estaria disposto a enviar tropas para compor uma missão de paz na Síria. A decisão, contudo, está nas mãos do Departamento de Operações da ONU, que ainda estuda a criação de uma missão para o país.
"O Brasil já contribuiu no passado e estaria disposto a considerar a possibilidade de participar de uma futura missão de paz", disse o ministro.
Ainda não está claro se a missão seria criada antes ou após uma transição. O envio de militares do Brasil teria de ser aprovado pelo Congresso.