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Farc prometem trégua unilateral por dois meses para negociar paz
Guerrilha diz que cessar-fogo é "contribuição" às conversas que começaram ontem em Cuba
Governo da Colômbia rejeita interromper os combates; terra é 1º tema em debate entre as partes em Havana
Desmond Boylan/Reuters | ||
A holandesa Tanja Nijmeijer, uma das representantes das Farc nas negociações de paz, chega à reunião em Havana |
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram um cessar-fogo unilateral de dois meses, a partir da 0h de hoje, como uma "contribuição" às negociações de paz com o governo da Colômbia retomadas ontem em Havana.
"Essa decisão das Farc é uma contribuição decisiva para fortalecer o clima de entendimento", disse Ivan Márquez, número 2 da guerrilha e membro da equipe que foi negociar o fim do conflito mais longevo da região.
Trata-se da primeira trégua proposta pela guerrilha em mais de um década, mas não deve receber reciprocidade das forças do governo.
O governo Juan Manuel Santos reiterou ontem que não haverá cessar-fogo. O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, disse que é "dever constitucional" perseguir criminosos e que os "terroristas" das Farc seriam perseguidos pelos "crimes que cometeram por anos".
O governo rejeita fazer concessões de caráter militar para evitar comparações entre a negociação atual e o diálogo fracassado entre 1998 e 2002, que acabou fortalecendo a guerrilha.
Segundo Márquez, o cessar-fogo vai até 20 de janeiro e abarca toda operação "ofensiva" das frentes da guerrilha. Serão suspensos atentados contra infraestrutura pública e privada, uma boa notícia para empresas mineradoras e petroleiras alvos de ataques recentes.
A ordem pode se tornar um índice do real controle que os chefes da guerrilha, enfraquecida após uma década de ofensiva militar com apoio dos EUA, têm sobre seus homens em campo.
O anúncio da trégua em Cuba, país fiador do diálogo de paz e sede das conversações, ocorreu momentos antes de as equipes começarem a discutir o primeiro ponto da agenda: a questão agrária.
O round de negociações do assunto -agudo num país com histórica disputa por terras e mais de 3 milhões de deslocados pelo conflito- deve se prolongar por dez dias de reuniões fechadas no Palácio de Convenções de Havana. Cada um das partes estará representado por uma equipe de 30 nomes, sendo cinco deles titulares.
Segundo agenda acordada na primeira fase do diálogo, outros quatro temas ainda irão para a mesa de negociação: o futuro político e legal dos rebeldes, o fim definitivo do confronto, drogas e a indenização às vítimas.