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Greve promovida por sindicatos faz Buenos Aires parar
Capital argentina vive dia de 'feriado' sem trens, com trânsito interrompido nas estradas e comércio fechado
Paralisação geral é a 1ª contra Cristina, antes aliada de sindicalistas; governistas acusam centrais de 'chantagem'
A primeira greve geral de trabalhadores sindicalizados contra o governo de Cristina Kirchner fez Buenos Aires parar ontem, assim como cidades importantes do interior, como Santa Fé, Mendoza, Córdoba, Salta e Tucumán.
As principais estradas que dão acesso à capital tiveram o trânsito interrompido pelos grevistas. Os trens que ligam a periferia ao centro pararam, assim como algumas das linhas de metrô e ônibus. O comércio no centro fechou, e poucos táxis saíram às ruas.
Bancos não funcionaram todo o dia, assim como os postos de gasolina. Hospitais públicos funcionaram em esquema de emergência, atendendo só casos mais graves.
Os aeroportos ficaram às moscas, com vários voos cancelados (leia abaixo), e não houve atividade nos portos.
Buenos Aires viveu praticamente um dia de feriado. O trânsito ficou interrompido no Obelisco e em avenidas importantes como Corrientes e Callao. Os portenhos aproveitaram o calor de 30°C para ir a parques e restaurantes.
As centrais que aderiram ao protesto foram três das cinco existentes: a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) dissidente, do superpoderoso Hugo Moyano, a CGT Azul e Branca, de Luis Barrionuevo, e a CTA (Central de Trabalhadores da Argentina), de Pablo Micheli.
Os principais jornais, "Clarín" e "La Nación", não circularam devido à interrupção do trabalho dos distribuidores. Ambos disponibilizaram on-line as edições do dia.
Os trabalhadores reivindicam redução de impostos, ampliação do acesso a planos assistenciais do governo e melhorias na previdência. "O silêncio das ruas é a voz que o governo precisa escutar", disse Moyano em entrevista.
Micheli avaliou a greve como "um sucesso". "Há centenas de milhares contra um governo que fecha os olhos aos que pensamos diferente."
'CHANTAGEM'
O governo respondeu por meio de funcionários da alta cúpula. O chefe de gabinete, Juan Manuel Abal Medina, disse que os sindicatos faziam "chantagem" e que não se tratava de uma greve, mas sim de um "grande piquete".
"Não estamos vendo trabalhadores que decidem não comparecer de forma voluntária", disse a uma rádio.
O ministro do Interior e dos Transportes, Florencio Randazzo, declarou que "o piquete vai contra a vontade dos trabalhadores. A maioria dos argentinos quer trabalhar".
Ontem à noite, a presidente Cristina Kirchner se manifestou na mesma linha: "Não houve só piquetes, houve ameaças. Gostaria de coração que todos esses dirigentes estivessem mais preocupados em preservar as fontes de trabalho -esse, sim, é o grande desafio dos argentinos".
Os sindicatos têm grande influência na Argentina, que tem a segunda maior taxa de afiliação sindical da América Latina (37%, só superada pelos 71% de Cuba). Recentemente, centrais têm se afastado de Cristina por ela privilegiar os movimentos juvenis.