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'Mudança é inevitável', diz vice da Síria
Em entrevista a jornal, Faruq al Sharaa defende acordo e fala que ditador Assad não conseguirá vencer rebeldes
Forças de segurança cercam o campo de refugiados palestinos de Yarmuk; cresce a tensão na capital síria
Faruq al Sharaa, vice-presidente da Síria, afirmou ontem ao jornal libanês "Al Akhbar" que nem as forças do ditador Bashar Assad, nem os rebeldes sírios poderão vencer a batalha agora disputada nos arredores da capital Damasco.
Sharaa, sunita em meio a um governo dominado pela minoria alauita (ramo do xiismo), não faz parte do grupo de oficiais próximos do ditador na repressão aos rebeldes.
Ele é, no entanto, a figura mais proeminente do governo a dizer publicamente que Assad não vencerá a guerra.
Sharaa afirmou, na entrevista, que a situação na Síria está se deteriorando -mais de 40 mil pessoas já morreram- e que é necessário um "acordo histórico" envolvendo poderes regionais e o Conselho de Segurança da ONU, incluindo a formação de um governo de união nacional.
"A cada dia que se passa, as soluções política e militar estão se tornando mais distantes. Deveríamos estar em uma posição defendendo a existência da Síria. Não estamos em uma batalha por um indivíduo ou por um regime."
O vice-presidente falou enquanto rebeldes mantinham os ataques no sul de Damasco. A violência tomou a capital, e insurgentes afirmam também ter tomado estações do Exército na estratégica província de Hama.
"Percebemos hoje que a mudança é inevitável", disse Sharaa. "Mas nenhum dos grupos de oposição, pacíficos ou armados, com seus vínculos internacionais, pode se chamar de o único representante legítimo do povo sírio."
De acordo com fontes próximas ao governo sírio, o vice-presidente tenta dialogar com a oposição e se opôs à resposta militar aos levantes.
YARMUK
Ativistas afirmam que tropas e tanques sírios cercaram ontem o campo de refugiados palestinos de Yarmuk. Centenas de palestinos procuraram refúgio no vizinho Líbano, diante do aumento da tensão.
O local tem visto confrontos entre palestinos pró e contra Assad, e foi bombardeado anteontem pelo regime.
O enviado da Síria na ONU dirigiu, ontem, carta a Ban Ki-moon, secretário-geral da entidade, expressando temor de que a comunidade internacional esteja equipando rebeldes com armas químicas.
O uso de armas químicas é uma das preocupações internacionais, conforme há relatos de que o governo se prepara para utilizar seu arsenal.