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Gustav esvazia Convenção Republicana e rouba foco da mídia
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL
Uma catástrofe natural e o
medo de repetir os mesmos erros do passado levaram os republicanos a cancelar todos os
discursos da convenção do partido, marcada para hoje em St.
Paul, no Estado de Minnesota.
A chegada do furacão Gustav
ao sul do país e a lembrança da
incapacidade gerencial da administração com o furacão Katrina em 2005 foram suficientes para a tomada da decisão.
John McCain deu uma entrevista no início da tarde de ontem dizendo ser necessário que
todos tirassem o "chapéu de republicanos" e colocassem "o
chapéu de americanos". Com
uma expressão compungida na
face, pediu que todos deixassem "de lado a política partidária". Em seguida, sua equipe de
comunicação informou aos repórteres a suspensão de todos
os discursos políticos de hoje.
A convenção terá de começar
oficialmente por razões formais e legais. O Partido Republicano precisa referendar os
nomes de John McCain e de Sarah Palin como candidatos a
presidente e a vice. Hoje serão
apenas atividades protocolares.
Discursos importantes foram suspensos, como os do presidente George W. Bush, do vice-presidente, Dick Cheney, da
primeira-dama, Laura Bush, e
do governador da Califórnia,
Arnold Schwarzenegger.
Não está claro como será o
restante da convenção republicana. A rigor, não são necessários discursos, mas só a votação
-que pode ser simbólica-
aprovando os nomes de
McCain e de Sarah Palin.
A equipe de comunicação republicana disse apenas que a
programação de amanhã até
quinta, quando haveria o discurso de McCain, está suspensa. Todos os dias haverá uma
avaliação para verificar se será
possível retomar os trabalhos.
Na conjuntura formada pela
aproximação do furacão Gustav, a suspensão dos trabalhos
políticos da convenção foi a
única saída viável para os republicanos. A inação do governo
Bush em Nova Orleans, em
2005, derrubou a popularidade
da administração federal.
O risco de repetição empurrou McCain e seu partido para
uma atitude de solidariedade
com as pessoas atingidas por
esse fenômeno climático.
Trata-se de um grande revés
político para a candidatura
McCain. As convenções partidárias são uma oportunidade
única de ocupar livremente a
mídia. O democrata Barack
Obama fez isso na semana passada, quando realizou sua convenção em Denver (Colorado).
Efeitos da convenção
Mais de 38 milhões de americanos assistiram ao discurso de
Obama aceitando a indicação
para concorrer à Presidência.
Na primeira pesquisa pós-convenção, o democrata abriu uma
vantagem de oito pontos percentuais sobre seu adversário.
McCain não terá a mesma
sorte. A mídia estará, na melhor das hipóteses, dividida entre os efeitos do Gustav e a capenga convenção republicana.
A esperança dos republicanos é que a atitude considerada
correta neste momento de comoção acabe rendendo dividendos políticos mais adiante
-até porque, espera a equipe
de McCain, os democratas também devem diminuir o ritmo
de campanha nesta semana.
Para McCain, há ao menos
um fato positivo na suspensão
dos discursos na convenção: diminui o destaque que se daria à
falta de vários integrantes da
cúpula republicana no evento.
Senadores republicanos que
tentam a reeleição em novembro, como John Sununu (New
Hampshire) e Gordon Smith
(Oregon), disseram na semana
passada que ficariam fazendo
campanha em seus Estados.
Ao menos outros seis deputados federais faltariam pela
mesma razão. Agora, essas ausências serão pouco notadas.
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