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García reedita rei e manda Morales se calar
DA REDAÇÃO
As diferenças entre Peru e
Bolívia continuaram ontem depois que o presidente peruano,
Alan García, reeditou contra o
colega Evo Morales a já célebre
frase do rei espanhol, Juan Carlos: "Por que não se cala?"
"Teríamos de dizer a ele [Morales] como Juan Carlos da Espanha: "Por que não se cala?"
Meta-se com seu país e não se
meta com o meu", disse García
em Lima. A expressão ficou famosa em 2007, quando o rei espanhol a usou contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado de Morales.
O peruano reagiu assim a
uma declaração do presidente
boliviano que, no sábado, urgiu
o "povo peruano" a resistir às
supostas tratativas para a instalação de uma base militar americana no Peru. Lima, que nega
a negociação, considerou a frase uma ingerência e convocou
em protesto o embaixador do
país em La Paz para consultas.
Ontem, García, que também
viu na frase de Morales incentivo à paralisação nacional chamada pela oposição peruana
para o dia 9, aproveitou para
atacar Morales, fazendo referência à crise política boliviana:
"Parece suficiente o que fez na
Bolívia para vir meter-se aqui".
Na cúpula do Mercosul, na
Argentina, Morales devolveu:
"Qualquer presidente que
mande outro se calar é antidemocrático". Afirmou que a "soberba" de reis não deve ser copiada e que a base militar americana é "um problema da região" e que mencioná-la "não é
uma intromissão".
Enquanto isso, o vice-chanceler boliviano, Hugo Fernández, tentava acalmar os ânimos.
Disse que Morales não quis interferir em temas internos e
que considera "seriamente" as
preocupações do vizinho.
O modelo nacionalista de
Morales, aliado de Chávez e
com diferenças crescentes com
os EUA, já entrava em choque
com o de García -que aproveita o tratado de livre-comércio
entre Peru e EUA e a cooperação antidrogas para se cacificar
como aliado americano na
América do Sul. Mas as relações
bilaterais pioraram consideravelmente nos últimos meses.
No começo do mês, o boliviano disse que García lhe parecia
mais "gordo" e menos antiimperialista do que em seu primeiro mandato (1985-1990),
quando nacionalizou o sistema
bancário peruano. A frase tinha
como pano de fundo divergências dos dois países na CAN
(Comunidade Andina). A Bolívia considera que Peru e Colômbia querem isolá-la para fechar um acordo comercial entre a CAN e a União Européia.
Com agências internacionais
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