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Analistas vêem prejuízo para população e economia com política de estatizações
ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO
O Banco de Venezuela está
prestes a entrar em uma lista
que contempla telecomunicações, petrolíferas, companhias
de eletricidade, siderúrgicas,
cimenteiras e outras, que entraram na onda de nacionalizações instituída pelo governo
Hugo Chávez -o que, segundo
analistas, vem para prejuízo da
população e da economia.
Gustavo García, analista de
economia e finanças do Instituto de Estudos Superiores de
Administração, em Caracas,
afirma que os bancos que já estão nas mãos do governo -assim como as demais empresas
estatais- sofrem com gestões
ruins. "O governo não tem em
seus quadros gente capacitada
para gerenciar essas empresas,
muito menos um banco sofisticado e de alta tecnologia como
o Santander. Seu funcionamento vai mudar para pior."
Para ele, apesar da aparente
calma, a filial do Santander já
começou a sofrer transferência
de depósitos, especialmente
entre clientes corporativos.
Mas, apesar de afirmar que a
nacionalização gerou ruídos no
sistema financeiro, ele não vê
um impacto imediato do processo na situação geral da economia, que sofre com inflação
acumulada de 15,1% neste ano.
Para Asdrúbal Oliveros, diretor da firma de consultoria baseada em Caracas Ecoanalítica,
"é terrível que o Estado continue incorporando empresas
privadas que são eficientes e
têm finanças saudáveis". A longo prazo, diz ele, a situação se
complica na área fiscal, pois é
necessário um plano de investimentos para que essas companhias continuem eficientes.
Os analistas alertam que já
estão sendo sentidos problemas na qualidade e continuidade dos serviços das estatizadas,
especialmente na Eletricidade
de Caracas, adquirida em 2007.
"Nem a indústria petroleira
está indo bem, apesar de continuarmos dependentes dela e
do boom com a alta do preço do
barril", afirma García. "Quando
a produção se estabilizar ou o
preço cair, toda a economia vai
sofrer, mais ainda frente a um
Estado tão grande e caro."
Segundo García, com a aquisição do Banco de Venezuela, o
sistema bancário passa a estar
mais ou menos controlado pelo
setor público em um terço dos
ativos do sistema financeiro total. O Banco de Venezuela representa cerca de 15% dos ativos do sistema privado.
Com um Estado intervencionista, diz Oliveros, esta é razão
de alerta: "É uma situação muito complicada quando um dos
maiores bancos do país pertence a quem regula o sistema".
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