São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Analistas vêem prejuízo para população e economia com política de estatizações

ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO

O Banco de Venezuela está prestes a entrar em uma lista que contempla telecomunicações, petrolíferas, companhias de eletricidade, siderúrgicas, cimenteiras e outras, que entraram na onda de nacionalizações instituída pelo governo Hugo Chávez -o que, segundo analistas, vem para prejuízo da população e da economia.
Gustavo García, analista de economia e finanças do Instituto de Estudos Superiores de Administração, em Caracas, afirma que os bancos que já estão nas mãos do governo -assim como as demais empresas estatais- sofrem com gestões ruins. "O governo não tem em seus quadros gente capacitada para gerenciar essas empresas, muito menos um banco sofisticado e de alta tecnologia como o Santander. Seu funcionamento vai mudar para pior."
Para ele, apesar da aparente calma, a filial do Santander já começou a sofrer transferência de depósitos, especialmente entre clientes corporativos.
Mas, apesar de afirmar que a nacionalização gerou ruídos no sistema financeiro, ele não vê um impacto imediato do processo na situação geral da economia, que sofre com inflação acumulada de 15,1% neste ano.
Para Asdrúbal Oliveros, diretor da firma de consultoria baseada em Caracas Ecoanalítica, "é terrível que o Estado continue incorporando empresas privadas que são eficientes e têm finanças saudáveis". A longo prazo, diz ele, a situação se complica na área fiscal, pois é necessário um plano de investimentos para que essas companhias continuem eficientes.
Os analistas alertam que já estão sendo sentidos problemas na qualidade e continuidade dos serviços das estatizadas, especialmente na Eletricidade de Caracas, adquirida em 2007.
"Nem a indústria petroleira está indo bem, apesar de continuarmos dependentes dela e do boom com a alta do preço do barril", afirma García. "Quando a produção se estabilizar ou o preço cair, toda a economia vai sofrer, mais ainda frente a um Estado tão grande e caro."
Segundo García, com a aquisição do Banco de Venezuela, o sistema bancário passa a estar mais ou menos controlado pelo setor público em um terço dos ativos do sistema financeiro total. O Banco de Venezuela representa cerca de 15% dos ativos do sistema privado.
Com um Estado intervencionista, diz Oliveros, esta é razão de alerta: "É uma situação muito complicada quando um dos maiores bancos do país pertence a quem regula o sistema".


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