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SUCESSÃO NOS EUA / BEBÊ A BORDO
Gravidez precoce de filha põe Palin em xeque
Ultraconservadora, vice republicana fez anúncio para dissipar rumores de que seu caçula fosse na
realidade filho de Bristol, 17
Expectativa agora é a de como notícia irá repercutir no
eleitorado mais radical,
que defende abstinência
sexual antes do casamento
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL
Escolhida candidata a vice-presidente dos EUA na chapa
do republicano John McCain
muito por causa de suas credenciais conservadoras, Sarah
Palin revelou ontem que uma
de suas filhas, Bristol, 17, está
grávida -o que suscitou dúvidas de como o eleitorado que
ela visa atrair, em especial a direita cristã, reagirá à notícia.
Irá esse público criticar a família Palin por deixar haver sexo antes do casamento, ao contrário do que pregam o presidente George W. Bush e boa
parte do partido? Ou elogiá-la
por levar adiante uma gravidez
não planejada e anunciar que a
adolescente subirá ao altar?
Nos corredores do Xcel
Energy Center, sede da Convenção Republicana, os fiéis
delegados do partido se diziam
defensores da segunda opção.
"Sarah é muito conservadora e
mostrou novamente que é uma
mulher forte, de valores, que
não permite a covardia do aborto e que orientou sua filha a se
casar. O que a garota fez foi um
erro, mas o papel da mãe é dar
apoio", declarou à Folha. Barbara Thorburn, do Texas.
Analistas consideravam, no
entanto, que a repercussão pudesse ser negativa longe da base engajada na candidatura de
McCain, em especial dos mais
conservadores, que já têm ressalvas contra o discurso liberal
do candidato em alguns temas.
A escolha de Palin já gerava
questionamentos dos que a
consideram muito jovem (44
anos) e inexperiente (foi prefeita de uma pequena cidade do
Alasca por seis anos e governa
o Estado há um e meio), o que
enfraquece a crítica de McCain
de que o rival Barack Obama
não está pronto para governar.
Juntava-se a isso o currículo
intelectual de Palin, que estudou na pouco prestigiada Universidade de Idaho -o que
também colocou em xeque a
meta de conquistar o eleitorado feminino independente,
descontente com a derrota da
senadora Hillary Clinton (tida
como experiente e preparada)
nas prévias democratas.
Há ainda a possibilidade de
que a candidata a vice pareça
incoerente em seu discurso.
Em 2006, ela escreveu em
questionário do grupo conservador Eagle Forum que era
contra a educação sexual na escola, sendo favorável apenas à
orientação sobre abstinência.
"Programas explícitos de sexo
não terão meu apoio", disse ela
na ocasião, segundo a CNN.
Telhado de vidro
A revelação da gravidez da filha não foi a única sobre a vice
de McCain, o que, dizem analistas, pode levar a questionamentos do eleitorado sobre o
que pode surgir na campanha.
Ontem soube-se que Palin
contratou um advogado para
defendê-la em processo movido por um funcionário rodoviário que diz ter perdido o emprego ao se negar a demitir um subordinado que foi casado com a
irmã dela. Também ressoou a
notícia de que o marido de Palin, Todd, foi preso por embriaguez ao volante há 24 anos.
A campanha de McCain tentou manter um perfil baixo.
"Coisas da vida acontecem",
disse o presidenciável. Segundo
seus assessores, ele já sabia da
gravidez ao escolher sua vice, e
a decisão de divulgar a notícia
foi uma tentativa de conter
boatos na blogosfera de que o
bebê de cinco meses da governadora seria filho de Bristol.
Quando a família de Palin subiu ao palco em seu anúncio como vice, sexta, Bristol levava no
colo o irmão caçula, disfarçando o volume abdominal.
Sobre o pai do bebê, o partido
disse apenas se tratar de um
"jovem rapaz", chamado Levi.
Obama baixou o tom e declarou que demitiria quem, em sua
campanha, tentasse fazer uso
político da gravidez. "Isso não
tem relevância para a performance de Palin como governadora ou eventual vice-presidente", afirmou, lembrando que sua mãe o teve aos 18 anos.
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