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SUCESSÃO NOS EUA / TETO ELEITORAL
Favorito, Obama não deslancha
Candidato democrata não consegue superar a barreira dos 50% na disputa contra John McCain
Analistas afirmam que
questão racial e tendência
a polarizar opiniões são
obstáculos a crescimento
de opositor nas pesquisas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A quase três meses das eleições e considerado o favorito
na corrida pela Presidência dos
EUA, Barack Obama não consegue ultrapassar a barreira
dos 50% nas pesquisas nacionais de intenção de voto. Mais:
segundo os mesmos levantamentos, apesar de ligeiramente
à frente, o senador democrata
não consegue se afastar da margem do empate técnico em sua
vantagem sobre o oponente republicano, John McCain.
Analistas coçam a cabeça em
busca do motivo para a demora
em romper esse teto, e muitos
se questionam se isso de fato
vai acontecer até o dia das eleições, em 4 de novembro. A persistir a situação, os americanos
irão às urnas naquele dia sem
um franco favorito na corrida, e
grupos minoritários como os
moderados de cada partido, os
indecisos e os independentes
ganharão importância extra.
Segundo pesquisa nacional
feita na semana passada pelo
renomado Pew Research Center, Obama bate seu oponente
republicano por 47% a 42%.
Em pesquisa idêntica do mês
anterior, os índices eram respectivamente 48% a 40%. No
meio do caminho, houve a amplamente divulgada viagem do
democrata à Europa e ao
Oriente Médio.
A média atual de pesquisas
aponta a mesma tendência, segundo o site agregador RealClearPolitics: 46,5% a 43,9%.
Embora as eleições norte-americanas sejam decididas
Estado a Estado, que apontam
delegados que votam num colégio eleitoral de acordo com o
resultado das urnas, os levantamentos nacionais apontam
uma tendência que ajuda a decifrar o estado de espírito do
eleitor. "Confunde o fato de
Obama não ter rompido ainda a
barreira dos 50% nas pesquisas
nacionais", disse à Folha o analista político Timothy Carney.
Questão racial
Para o autor conservador do
livro "The Big Ripoff" (O Grande Golpe, 2006, John Wiley &
Sons), que critica a presença
excessiva do Estado na economia, os números "sugerem que
muitos independentes e democratas estão preocupados com
sua juventude e inexperiência".
Ele levanta outra questão: "Ser
negro provavelmente o está
prejudicando".
A questão racial voltou ao
centro do debate político na última semana. Ao reagir a anúncio negativo de McCain em que
seu status de celebridade é
comparado ao de Britney
Spears e Paris Hilton, e sua experiência, questionada, Obama, que faz 47 anos amanhã,
reagiu . A campanha tentava assustar seus eleitores, afirmou o
democrata, porque ele não se
parece "com todos aqueles presidentes nas notas de dólar".
Apesar de 68% dos eleitores
terem dito que o país está pronto para um presidente negro,
em pesquisa encomendada pela CBS News em junho, 22%
dos brancos disseram que a raça do candidato será levada em
conta quando eles forem às urnas em novembro. "Para mim,
essa ainda é uma questão em
aberto, embora eu ache que o
país esteja na direção correta",
disse Michael Fauntroy, professor de direitos civis da Universidade George Mason, na
Virgínia.
É o que os especialistas chamam de "racista no armário",
pessoas que declaram uma opinião nas pesquisas mas agem
de outra forma no anonimato
da hora de votar. De acordo
com levantamento do analista
político Michael Barone, políticos negros representam 38 distritos no Congresso norte-americano hoje, ou 9% do total,
e cerca de 600 cadeiras em legislativos estaduais, ou 8% do
total -a população negra norte-americana bate nos 12%.
A discrepância maior, segundo o autor do principal almanaque político dos EUA, aparece
quando se leva em conta o total
de eleições para o Senado federal e para os 50 governos estaduais realizadas desde a Lei do
Direito ao Voto de 1965: foram
722 corridas no primeiro e 579
no segundo; os eleitos negros
são apenas quatro -incluindo
Barack Obama, em 2004.
Amor e ódio
Outra questão que estaria
barrando a ascensão de Obama
é o chamado "fator amor-ódio".
O sentimento foi detectado por
uma pesquisa feita a pedido da
emissora NBC e do diário econômico "Wall Street Journal".
Um em cada quatro eleitores
tem fortes sentimentos positivos em relação a Obama -mesma proporção dos que têm forte sentimento negativo. Esses
índices são perto de um em dez
em ambos os sentidos para
John McCain.
É como se as pessoas não ligassem muito para o republicano, mas se importassem além
da conta com o democrata, disse Neil Newhouse, que conduziu parte da pesquisa.
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