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SUCESSÃO NOS EUA / POLÍTICA DO MEDO
"Só McCain pode proteger os EUA", diz Bush
Remarcado, discurso via satélite do presidente na Convenção Republicana evoca o 11 de Setembro e perigos do mundo
Senador Joe Lieberman, o ex-democrata que rompeu com partido, assume a tarefa de atacar Barack Obama por inexperiência
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL
O presidente dos EUA, George W. Bush, fez ontem um discurso bem ao seu estilo belicista para defender John McCain
como candidato republicano à
Casa Branca.
"Vivemos num mundo perigoso. Precisamos de um presidente que entenda as lições do
11 de Setembro: que para proteger a América precisamos estar
na ofensiva, deter os ataques
antes que eles ocorram, e não
esperar para sermos atacados
novamente. O homem de quem
precisamos é John McCain",
disse Bush à noite em depoimento transmitido via satélite
de Washington para St. Paul,
Minnesota, onde ocorre a Convenção Republicana.
A aparição de Bush estava
programada para anteontem,
mas a incerteza sobre os danos
do furacão Gustav no sul do
país fizeram os republicanos
suspenderem todas as atividades de cunho político. Só ontem
de manhã o discurso do presidente foi confirmado -mas
sem sua presença física.
Foi um certo revés para
McCain, pois a desaprovação a
Bush está na casa dos 70%. O
cancelamento do discurso presidencial anteontem havia sido
discretamente festejado por
parte do partido, embora o público interno goste do tom de
Bush -ele foi interrompido por
aplausos 14 vezes. Mas o problema dos republicanos é alargar o eleitorado de McCain.
Bush só falou porque o furacão Gustav arrefeceu e a convenção voltou ao normal ontem. Em sua fala, de menos de
oito minutos, ele lembrou da
atuação de McCain no Senado,
para garantir fundos militares
para as tropas no Iraque. "Alguns disseram a ele [McCain]
que sua defesa por mais soldados [no Iraque] colocaria sua
campanha em risco. Ele respondeu que preferiria perder
uma eleição a ver seu país perder uma guerra", afirmou Bush.
"É o tipo de coragem e visão
que precisamos em nosso próximo comandante-em-chefe."
O atacante
Além de Bush, a legenda escalou oradores para reforçar o
perfil nacionalista de McCain e
sua suposta superioridade gerencial sobre o adversário democrata, Barack Obama. Os
dois principais foram Fred
Thompson e Joe Lieberman.
Thompson é um ex-senador
pelo Tennessee e famoso por
seu trabalho como ator de séries de TV. Tentou disputar a
indicação republicana, mas desistiu no meio do caminho. Em
sua fala, trataria da coragem de
McCain quando a serviço dos
EUA. "Ele já esteve oito vezes
no Iraque desde 2003. Foi buscando a verdade, não publicidade", disse o político.
O último orador foi o simbólico Joe Lieberman, senador
por Connecticut. Sua escolha
ocorreu a dedo para atrair eleitores mais progressistas. Em
2000, Lieberman foi candidato
a vice na chapa do democrata Al
Gore. Depois, deixou o partido
e se tornou um independente.
Não por acaso, o título do discurso de Lieberman era "The
Original Maverick: John
McCain" (O político independente original: John McCain).
O termo "maverick" é uma expressão que nos EUA designa
pessoas de comportamento independente, como se fossem
"animais desgarrados".
"O povo americano não se
importa muito se você tem um
"R" [republicano] ou um "D" [democrata] depois de seu nome.
O que lhe interessa é: nós estamos solucionando os problemas do dia-a-dia?", disse Lieberman. Sua fala lembrou a de
alguns políticos brasileiros defendendo o fim da fidelidade
partidária em Brasília. A intenção é atrair democratas "desgarrados" para McCain.
Coube a Lierberman a tarefa
de atacar o também senador
Barack Obama, o rival democrata. "A eloqüência não é um
substituto para realizações",
disse Lieberman, que criticou a
pouca experiência de Obama e
pediu para McCain os votos de
"democratas Clinton" (referência ao ex-presidente) e de
independentes. "Votem na pessoa, e não no partido. Votem no
líder que sempre colocou a
América primeiro."
Os discursos da noite foram
pontuados por vídeos enaltecendo exemplos de americanos
que colocaram "o país em primeiro lugar" e lutaram em
guerras. Pelo menos um vídeo
foi narrado pelo ator Robert
Duvall. Outra estrela de Hollywood era Jon Voight, pai de Angelina Jolie, que passou os últimos dois dias zanzando pelo
plenário e dando autógrafos.
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