São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Forças americanas e iraquianas avançam; ataque contra insurgência em Fallujah gera fortes protestos

EUA ampliam controle sobre Samarra

DA REUTERS

Forças americanas e iraquianas ampliaram ontem seu controle sobre a cidade de Samarra, um dos principais centros da insurgência sunita iraquiana, no que constituiu a maior ofensiva desde a queda de Saddam Hussein, no primeiro semestre de 2003.
Tiros esporádicos ainda eram ouvidos no centro da cidade, perto de sua mesquita principal, mas um ambiente relativamente calmo parecia reinar em Samarra, cidade de 100 mil habitantes a 95 km ao norte de Bagdá, um dia e meio depois que 5.000 soldados americanos e iraquianos, apoiados por artilharia pesada e caças, deram início à operação.
Para explicitar os problemas enfrentados pelo governo iraquiano e por seus aliados americanos, porém, um grupo terrorista islâmico decapitou um iraquiano que trabalhava para as forças americanas, de acordo com vídeo divulgado na internet.
"Aqueles que imaginam que podem trabalhar para os cruzados devem arrepender-se", disse o grupo terrorista Ansar al Sunna no vídeo, que foi divulgado por um site islâmico.
Enquanto isso, o número de mortos na operação continuou a crescer. Os EUA disseram ter matado 125 insurgentes e capturado 88 ao todo. Um médico disse, num hospital de Samarra, que outros cinco mortos tinham sido levados ao local durante a madrugada. Não ficou claro se eram civis ou combatentes.
A exemplo de Samarra, as forças americanas e iraquianas terão de retomar Fallujah e Ramadi, a oeste de Bagdá, e áreas da capital que são controladas por insurgentes, incluindo o distrito xiita de Sadr City, se o plano é pacificar o país antes da eleição, marcada para o início do ano que vem.
Fallujah foi atacada por aviões de combate dos EUA durante a madrugada de ontem, no que constituiu o mais recente ataque de uma campanha -que já dura semanas- de bombardeios aéreos cujo objetivo é destruir esconderijos de seguidores do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, o homem mais procurado pelos EUA no Iraque.
De acordo com fontes médicas locais, sete pessoas morreram e 13 ficaram feridas no ataque americano. A população da cidade protestou veementemente contra os americanos e contra o premiê Iyad Allawi, dizendo que os mortos eram civis, não terroristas.
"Este é um terrorista? Diga-me, trata-se de um terrorista? Allawi, venha até aqui para nos mostrar os terroristas!", gritou um homem, enquanto tratava de um ferimento na cabeça de um menino.
O Exército Islâmico no Iraque, que diz ter seqüestrado duas indonésias, exigiu a libertação do clérigo muçulmano indonésio Abu Bakar Bashir, apontado como líder espiritual do Jemaah Islamiyah, um grupo terrorista supostamente ligado à Al Qaeda, de acordo com informação divulgada pela rede de TV Al Jazira.
Mas Bashir, que está preso na Indonésia, afirmou que não quer ser libertado em troca das indonésias e exortou o grupo iraquiano a libertá-las "imediatamente".

Perdão da dívida
A França apresentou ontem, em encontro promovido pelo FMI em Washington (EUA), uma contraproposta à americana de cancelamento de 90 a 95% da dívida externa iraquiana. A proposta francesa é que apenas 50% da dívida seja perdoada de imediato e que a discussão seja retomada em três anos. Rússia, Alemanha e Itália concordaram com a França.


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