São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011 |
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ANÁLISE Cientes do custo, europeus defendem manter sua união A CRISE PODE SER VISTA OU COMO OPORTUNIDADE PARA UMA INTEGRAÇÃO PROFUNDA OU COMO AMEAÇA À UNIDADE ELENA LAZAROU ESPECIAL PARA A FOLHA Na semana passada, o mundo aguardava com a respiração suspensa a votação do Legislativo alemão (Bundestag) quanto ao reforço do mecanismo europeu de resgates financeiros. Abundavam especulações quanto às consequências que uma possível rejeição da proposta acarretaria para o futuro da União Europeia. Mas o gigante da zona do euro, acompanhado por outros países da união monetária, uma vez mais aprovou a ampliação da assistência às economias em crise. Refletindo sobre o futuro da União Europeia, a crise pode ser vista ou como oportunidade para uma integração mais profunda ou como ameaça à unidade do bloco. Sob este segundo cenário, a frustração das economias mais fortes quanto a arcar com o fardo dos "irmãos" meridionais terminaria por destruir os planos de resgate e assistência. Os contribuintes alemães não voltariam a votar em um governo que prioriza o interesse coletivo europeu. O mesmo se aplica a outros países da UE, como ilustram as recentes proclamações da Eslováquia, o membro mais pobre da zona do euro. Mas a crise também forçou a União Europeia a refletir, e a principal conclusão desse processo é "desejamos salvar a união a qualquer custo". Nos dois anos transcorridos desde que a gravidade da crise grega foi revelada, a integração avançou rapidamente, com a criação do Euro Fund, de diversos mecanismos de estabilização, de agências coletivas de fiscalização financeira e do Pacto do Euro. As lacunas no tratado da União Europeia estão sendo revisitadas. Até mesmo países que não são parte da zona do euro foram convidados a participar na solução do problema. Por fim, mas não menos importante, pesquisas demonstram que 90% dos europeus favorecem uma maior cooperação e estão cientes do custo financeiro maior que ela acarretaria. A explicação oferecida? Isso é necessário para o futuro da União Europeia. Assim, enquanto a Grécia respira aliviada com o resultado da votação no Parlamento alemão, é seguro dizer que o restante da Europa compartilha dessa sensação. Por enquanto, a solidariedade europeia vem sobrevivendo ao teste da crise. Mas novos testes virão. ELENA LAZAROU é professora e pesquisadora do Centro de Relações Internacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas). Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: Grécia não atinge meta do FMI e demitirá 30 mil Próximo Texto: Rubens Ricupero: Mudou a política externa? Índice | Comunicar Erros |
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