São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Crise financeira global não impacta gastos militares

Índia e China aumentam investimento nas Forças Armadas em 2009, diz estudo

Anuário vê gasto mundial com defesa passar de US$ 1,3 tri em 2006 para US$ 1,55 tri em 2008 e diz que, mesmo em 2009, não deve ter caído


RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da crise financeira mundial, os gastos militares não foram significativamente afetados, e, em países emergentes da Ásia como Índia e China, eles até aumentaram expressivamente. Já os europeus ocidentais, a Rússia e os EUA sentiram mais a crise nos seus orçamentos militares.
Essa avaliação foi feita ontem em Londres no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, conhecido pela sigla em inglês IISS, durante o lançamento do seu tradicional anuário sobre as Forças Armadas do planeta, "The Military Balance 2010".
De acordo com o anuário, os gastos mundiais com defesa passaram de US$ 1,3 trilhão em 2006 para US$ 1,55 trilhão em 2008, e, mesmo em 2009, não devem ter diminuído. Como percentual do produto bruto global, os gastos militares foram de 2,56% em 2008, contra 2,6% em 2004.
"Há muito debate sobre a questão de o balanço de poder global estar se movendo para o leste e sobre como a natureza do conflito violento está mudando", declarou o diretor-geral do instituto, John Chipman.
Para os especialistas do instituto, as Forças Armadas dos EUA estão "sob severa tensão" pelas necessidades de operações no Iraque e no Afeganistão, mas o deficit do Orçamento americano vai terminar com o crescimento acelerado dos gastos militares ocorrido no governo de George W. Bush.
A decisão de tirar as tropas do Iraque em 2010 e do Afeganistão em 2011 deve contribuir para a redução dos gastos, assim como a ênfase recém-divulgada pelo secretário da Defesa, Robert Gates, em não mais planejar para lutar duas hipotéticas guerras convencionais ao mesmo tempo, e sim se concentrar na situação presente.
Mesmo assim, o governo dos EUA enviou ao Congresso um orçamento militar recorde para 2011: US$ 708 bilhões.
Já a Índia, em função dos atentados em Mumbai em novembro de 2008, aumentou em 21% os gastos militares no ano passado.
A China anunciou um aumento de 15% em gastos com defesa, um montante que o anuário do IISS estima em US$ 70,3 bilhões.
Para Chipman, os países aliados aos EUA estão no momento ainda avaliando como as experiências de conflitos recentes devem ou não moldar o formato e a composição das suas Forças Armadas.
Nos EUA, o novo relatório quadrienal "enfatiza os papéis de estabilização e reconstrução que foram características tão proeminentes da atividade militar recente, enquanto ao mesmo tempo argumentando que o acesso assegurado ao mar, ar, espaço e ciberespaço é uma missão vital e continuada", lembra Chipman.
James Hackett, editor do "The Military Balance 2010", afirma no prefácio do anuário que a experiência recente em lugares como Iraque e Afeganistão está forçando reavaliações do papel da guerra contra insurgências e de operações de estabilidade social no planejamento militar.
O especialista lembra que uma década atrás o debate estratégico era principalmente em torno das novas tecnologias no contexto de uma "revolução em assuntos militares".
Já hoje as tecnologias novas são vistas como apenas o "arcabouço" para a aplicação da força militar.


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