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Crise financeira global não impacta gastos militares
Índia e China aumentam investimento nas Forças Armadas em 2009, diz estudo
Anuário vê gasto mundial com defesa passar de US$ 1,3 tri em 2006 para US$ 1,55 tri em 2008 e diz que, mesmo em 2009, não deve ter caído
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da crise financeira
mundial, os gastos militares
não foram significativamente
afetados, e, em países emergentes da Ásia como Índia e China,
eles até aumentaram expressivamente. Já os europeus ocidentais, a Rússia e os EUA sentiram mais a crise nos seus orçamentos militares.
Essa avaliação foi feita ontem
em Londres no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, conhecido pela sigla em inglês IISS, durante o lançamento do seu tradicional anuário
sobre as Forças Armadas do
planeta, "The Military Balance
2010".
De acordo com o anuário, os
gastos mundiais com defesa
passaram de US$ 1,3 trilhão em
2006 para US$ 1,55 trilhão em
2008, e, mesmo em 2009, não
devem ter diminuído. Como
percentual do produto bruto
global, os gastos militares foram de 2,56% em 2008, contra
2,6% em 2004.
"Há muito debate sobre a
questão de o balanço de poder
global estar se movendo para o
leste e sobre como a natureza
do conflito violento está mudando", declarou o diretor-geral do instituto, John Chipman.
Para os especialistas do instituto, as Forças Armadas dos
EUA estão "sob severa tensão"
pelas necessidades de operações no Iraque e no Afeganistão, mas o deficit do Orçamento americano vai terminar com
o crescimento acelerado dos
gastos militares ocorrido no governo de George W. Bush.
A decisão de tirar as tropas
do Iraque em 2010 e do Afeganistão em 2011 deve contribuir
para a redução dos gastos, assim como a ênfase recém-divulgada pelo secretário da Defesa, Robert Gates, em não mais
planejar para lutar duas hipotéticas guerras convencionais ao
mesmo tempo, e sim se concentrar na situação presente.
Mesmo assim, o governo dos
EUA enviou ao Congresso um
orçamento militar recorde para 2011: US$ 708 bilhões.
Já a Índia, em função dos
atentados em Mumbai em novembro de 2008, aumentou em
21% os gastos militares no ano
passado.
A China anunciou um aumento de 15% em gastos com
defesa, um montante que o
anuário do IISS estima em US$
70,3 bilhões.
Para Chipman, os países aliados aos EUA estão no momento
ainda avaliando como as experiências de conflitos recentes
devem ou não moldar o formato e a composição das suas Forças Armadas.
Nos EUA, o novo relatório
quadrienal "enfatiza os papéis
de estabilização e reconstrução
que foram características tão
proeminentes da atividade militar recente, enquanto ao mesmo tempo argumentando que o
acesso assegurado ao mar, ar,
espaço e ciberespaço é uma
missão vital e continuada",
lembra Chipman.
James Hackett, editor do
"The Military Balance 2010",
afirma no prefácio do anuário
que a experiência recente em
lugares como Iraque e Afeganistão está forçando reavaliações do papel da guerra contra
insurgências e de operações de
estabilidade social no planejamento militar.
O especialista lembra que
uma década atrás o debate estratégico era principalmente
em torno das novas tecnologias
no contexto de uma "revolução
em assuntos militares".
Já hoje as tecnologias novas
são vistas como apenas o "arcabouço" para a aplicação da força militar.
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