São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Governo Cristina enfrenta fuga de capitais Em plena campanha eleitoral, Argentina já perdeu US$ 9 bilhões neste ano; índice deve igualar recorde de 2008 Investidores dizem temer que presidente, após reeleição, invista contra imprensa e empresas não aliadas LUCAS FERRAZ DE BUENOS AIRES A Argentina que vai às urnas no dia 23 vive uma crise de confiança externa e interna que já começa a afetar as reservas do país com uma crescente fuga de capitais. Segundo dados oficiais do Banco Central da Argentina, no primeiro semestre deste ano o total de capital que saiu do país chegou a US$ 9 bilhões. Só em agosto, segundo consultoras de câmbio, a fuga foi de US$ 3 bilhões. Como o movimento parece longe de terminar, analistas estimam que a cifra de 2011 chegue ao recorde de 2008, quando a saída foi de US$ 23 bilhões, por causa da briga do governo com ruralistas e a desconfiança com a estatização dos fundos de pensão. Mas não são só investidores ou empresas que estão tirando seu dinheiro da Argentina. Historicamente desconfiada com sua moeda, a população fez fila nas casas de câmbio de Buenos Aires nas últimas semanas para comprar dólares -que são guardados em casa ou em cofres fora do sistema financeiro. A fuga de capital ocorre quando, por medo de uma reação do governo ou deterioração das condições econômicas, os investidores que compraram títulos públicos ou privados e ações resolvem retirar o dinheiro do país. "Há uma apreensão em relação ao que o governo diz que fará logo após a eleição", disse à Folha Jorge de Castro, presidente do Instituto de Planejamento Estratégico. O temor está relacionado ao que integrantes do governo chamam de "aprofundar o modelo". Ou seja, com a provável reeleição da presidente Cristina Kirchner, a Casa Rosada prevê aumentar medidas contra a imprensa e empresas não alinhadas. "O atual cenário revela ainda o desequilíbrio do modelo macroeconômico, com uma dívida alta por pagar e a inflação fora do controle", ressalta Castro. A desvalorização do real ante o dólar também acendeu o alerta no país vizinho -empresários temem reduzir as exportações ao Brasil, com contrapartida de forte aumento de produtos brasileiros na Argentina. Assim como a moeda brasileira, o peso vem se desvalorizando em relação ao dólar -o Banco Central argentino, cada vez mais, usa suas reservas para comprar moeda americana e tentar segurar sua cotação. A atual situação pode deixar a Argentina vulnerável diante do cenário internacional. O ministro da Economia, Amado Boudou, afirma que o país está preparado para a crise econômica. "A fuga de capitais não significa que a economia esteja em colapso, como em 2001, porque agora o país cresce. O motivo é o contexto internacional", afirmou à Folha Ramiro Castiñeira, economista-chefe da Econométrica. Texto Anterior: Murray não citou anestésico, diz médica que atendeu Jackson Próximo Texto: Clóvis Rossi: Do 'pop star' à gerente Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |