São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011 |
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Em meio a crise financeira, Cruz Vermelha busca novos doadores Diretora da organização diz que foi necessário reduzir operações FLÁVIA FOREQUE DE BRASÍLIA Uma das mais importantes instituições humanitárias do mundo, a Cruz Vermelha pede socorro. Preocupado com a insuficiência de recursos para as mais de 80 operações em diversos países, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), cuja atuação é focada em áreas de conflito armado e situação de violência, busca doadores. Nesta semana, a diretora-adjunta de operações do CICV, a portuguesa Angela Gussing, 48, desembarcou em Brasília para reforçar o diálogo com o governo brasileiro e cobrar a promessa por uma ajuda financeira. No ano passado, o Brasil tornou-se doador da Cruz Vermelha, destinando US$ 1 milhão à instituição. Abaixo, Angela Gussing fala, entre outros assuntos, sobre o "exercício nem sempre fácil" de priorizar os recursos para locais que teriam necessidades mais urgentes. Folha - A Cruz Vermelha enfrenta uma crise financeira? Angela Gussing - Existe uma preocupação de que as dificuldades financeiras da Europa e dos EUA tenham impacto na capacidade de resposta do sistema humanitário internacional. Limitamos despesas porque neste ano tivemos operações novas e importantes que sobrecarregaram nosso orçamento. Tomamos medidas preventivas desde março. Do contrário, era provável encontrarmos uma crise financeira no fim do ano. Precisamos diversificar os doadores, essa é uma necessidade. Em quantos países as operações foram reduzidas? Quase todos. [Diminuímos] atividades no Afeganistão e no Iraque. Em vez de atendermos 600 famílias, atendemos 200. Em vez de darmos assistência [alimentar] todos os meses, damos só de dois em dois meses. Diminuímos campanhas de vacinação onde não colocaríamos a população numa situação dramática. Operações foram reorientadas para a Costa do Marfim, para a Líbia, para Somália e Iêmen. No ano passado, o Brasil tornou-se doador do CICV. Qual é a colaboração que o comitê espera do país? Estamos reforçando o diálogo com o governo brasileiro. O Brasil tem um papel importante a desempenhar e é importante que ele o demonstre nos assuntos em que decide se posicionar, o que inclui [...] também a participação financeira nas ações de ajuda humanitária internacional. Precisamos dessa solidariedade. Como está o acesso da Cruz Vermelha a cidades sírias? Existe um acesso bom, temos conseguido ir a mais ou menos uma ou duas cidades por semana e tivemos pela primeira vez acesso a prisões em Damasco. Temos também uma promessa do governo para visitar outras prisões no país. Temos visitado hospitais e visto que há muito medo das pessoas de irem em busca de atendimento médico. Em que país existe maior fragilidade da condição humana? Certamente a Somália. É uma população castigada por muito tempo por modificações climáticas e conflitos e muito afetada pela crise econômica internacional. Com mais de 20 anos de experiência no Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a senhora vê mudanças na dinâmica dos conflitos armados? A multiplicação dos atores é relativamente nova. Antes, existiam dois ou três grupos em conflito contra o Estado. Agora são 40: 20 lutam contra outros 20, 20 desses estão a lutar contra o governo. Texto Anterior: Jornalismo cidadão: Folha faz debate sobre mídias sociais e onda de revoltas Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
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