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Soldados começam a patrulhar grandes cidades italianas
DA REDAÇÃO
Um pouco mais de mil soldados se integraram ontem ao policiamento das principais cidades italianas, em obediência a
decreto do primeiro-ministro
Silvio Berlusconi que nos próximos dias prevê, ao todo,
3.000 militares nessa missão.
O ministro do Interior, Roberto Maroni, qualificou a iniciativa como "uma resposta aos
cidadãos preocupados com o
aumento da insegurança", enquanto o ministro da Defesa,
Ignazio la Russa, disse que a
presença das Forças Armadas
nas ruas "é suficiente para desencorajar os criminosos".
Mas Achille Serra, ex-prefeito de Roma e hoje senador pela
oposição, qualificou a iniciativa
de "inútil e ineficaz".
O general Mário Buscemi,
ex-comandante do Exército,
lembrou que em 1992 os militares já haviam assumido funções
semelhantes. Mas a operação
se restringiu a regiões de forte
criminalidade, sobretudo a Sicília, onde entraram em ação
20 mil homens. Foi para impor
a autoridade do Estado depois
do assassinato de dois juízes
que investigavam a Máfia.
Os sindicatos de policiais criticam agora o governo, acusando-o de "encenar para a opinião
pública por meio do uso demagógico da segurança pública".
Ao ser eleito, em abril, Berlusconi insistiu na "crescente
criminalidade" e deu a entender que só o combate à imigração ilegal e a repressão à comunidade cigana trariam novamente a tranqüilidade.
Desde então, a Câmara e o
Senado aprovaram projetos
que transformam os imigrantes sem vistos de residente em
virtuais criminosos -a percepção popular os tornou bodes
expiatórios-, enquanto o governo faz um recenseamento
dos ciganos e se prepara para
expulsar aqueles que não têm
nacionalidade italiana.
Ontem, em Roma, cerca de
400 soldados participavam do
policiamento das estações do
metrô e das ruas próximas do
Vaticano. O prefeito Gianni
Alemanno pediu para que eles
não ocupassem os locais de
maior concentração turística,
para não passarem uma imagem negativa da cidade .
Em Milão, 150 militares protegiam o domo (catedral) e a
principal estação ferroviária.
Eles também foram designados
a centros de imigrantes, como o
de Lampedusa, na Sicília, onde
se encontravam ontem 973 ilegais. Por todo o país soldados
patrulhavam consulados e sinagogas, que não são objeto de
ameaças de atentados.
Criminalidade em queda
O pacote antiinsegurança de
Berlusconi contrasta com estatísticas das Nações Unidas e da
União Européia, citadas pelo
"Financial Times", que indicam que Roma é uma cidade
mais segura que Londres, Copenhague ou Amsterdã. O jornal afirma que a oposição de esquerda tinha razão ao afirmar
que a criminalidade está em
queda, por mais que a percepção dos eleitores, na campanha
eleitoral de abril, enxergasse
um quadro oposto.
O diário britânico também
diz que a ação em torno da segurança pode estar desviando a
atenção de um fato bem mais
grave, o da corrupção.
A Itália ocupa a 40ª colocação na lista da Transparência
Internacional. A percepção de
corrupção no país só é menor,
entre os 15 países mais antigos
da UE, do que na Grécia.
Com agências internacionais
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