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Viúvo de Benazir é eleito presidente do Paquistão
Asif Zardari será primeiro chefe de Estado civil no país após nove anos de ditadura
Oposição reconhece a derrota; eleição consolida o poder do PPP, que deve manter aliança militar com os EUA, apesar de ataque
DA REDAÇÃO
O controvertido viúvo da ex-premiê Benazir Bhutto, Asif Ali
Zardari, será o próximo presidente do Paquistão depois de
ter vencido o pleito de ontem
por grande diferença, segundo
os primeiros resultados não-oficiais. A eleição presidencial
foi indireta, e o líder do PPP
(Partido do Povo Paquistanês)
obteve 481 dos 702 votos dos
membros do colégio eleitoral,
formado pelos parlamentares
nacionais e representantes de
assembléias provinciais.
Em segundo lugar, ficou
Saeeduzzaman Siddiqui, ex-presidente da Suprema Corte,
com 153 votos. A eleição é considerada a última etapa para a
consolidação do PPP no poder.
"O resultado é correto e tem
que ser respeitado. O tempo dirá se suas políticas são acertadas", afirmou Siddiqui, candidato da Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz, partido do ex-premiê Nawaz Sharif, que rompeu a coalizão parlamentar
com o PPP há duas semanas.
Zardari substituirá o general
reformado Pervez Musharraf,
que tomou o poder num golpe
de Estado em 1999 e renunciou
no mês passado.
A lembrança de Benazir,
morta em atentado terrorista
em dezembro, logo depois de
voltar de exílio de oito anos, esteve presente durante toda a
sessão. "Vida longa, Bhutto",
gritaram os deputados, após os
resultados. Mas o dia foi também marcado pela violência.
Um carro-bomba matou 30
pessoas e feriu cerca de 70 pessoas, a nordeste de Peshawar.
Atual líder do PPP, que se
tornou o maior partido no Parlamento após as eleições legislativas de fevereiro, Zardari
disse que sua eleição "sela a vitória da democracia sobre a ditadura". Mas há dúvidas sobre a
estabilidade da coalizão parlamentar liderada pelo seu partido e sobre sua própria história
pessoal e política.
Zardari foi acusado de corrupção na época em que Benazir estava no poder, o que lhe
rendeu o apelido de "Senhor
10%", além de uma pena de 11
anos de prisão, da qual foi anistiado em manobra conduzida
na Justiça por Musharraf
-quando este foi pressionado
pelos EUA a permitir a volta de
Benazir do exílio.
Ele assume a Presidência
num momento crítico. A economia do país enfrenta altos níveis de inflação e taxas de crescimento declinantes. Os atentados a bomba realizados por
fundamentalistas islâmicos se
tornaram mais intensos desde
que o Paquistão se aliou aos
EUA na "guerra contra o terror", em 2001. Para piorar, na
quarta-feira, um ataque norte-americano em território paquistanês fez 15 mortos.
Como sua mulher, Zardari é
considerado pró-Ocidente e
não é esperado que ele mude a
aliança com os EUA. O novo
chefe de Estado prometeu dar
ao Parlamento parte das prerrogativas que Musharraf havia
acumulado. O presidente tem
poder para dissolver o Parlamento, nomear chefes das Forças Armadas e comanda o comitê civil-militar que controla
o arsenal nuclear do país, que
testou a bomba nos anos 90.
Com agências internacionais
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