São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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Berlusconi rebate greve com mais arrocho

No dia em que Itália é paralisada por sindicatos, premiê inclui aumento de impostos em plano de austeridade

Parlamento ainda terá de aprovar pacote com alta de tributo, que afeta quem ganha menos, e nova taxa sobre os ricos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

No dia em que milhares de italianos foram às ruas contra aumentos de impostos e cortes de gastos que deverão puxar para baixo o crescimento do país, o premiê Silvio Berlusconi pediu ao Parlamento que aperte mais o cinto nas contas públicas. Berlusconi surpreendeu a Itália ao propor pela quinta vez mudanças no pacote de ajuste fiscal de € 45,5 bilhões (R$ 105,5 bilhões), que ainda precisa ser aprovado no Parlamento. Ele pediu um "voto de confiança", dispositivo para acelerar a votação. O premiê propôs o aumento do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) de 20% para 21%. O tributo sobre o consumo afeta mais quem ganha menos, proporcionalmente. Ou seja, o aumento que não estava previsto no plano original afetará mais a classe média e os pobres. Berlusconi também pediu o aumento da idade mínima da aposentadoria para mulheres de 60 para 65 anos.
E trouxe de volta a proposta do "imposto da solidariedade", de taxar em mais 3% rendas acima de € 500 mil por ano. Apesar de incluir novamente os mais ricos na fatura, ele aliviou uma parcela de menos ricos.
A proposta original era cobrar o imposto de quem ganha a partir de € 90 mil por ano, o que foi retirado do pacote na semana passada.
O anúncio de Berlusconi foi um passo tomado para acalmar o mercado, que criticava o governo italiano desde a semana passada por considerar que o plano de ajustes era inconsistente.
O pacote previa, por exemplo, aumento de arrecadação por ações contra evasão fiscal, difícil de quantificar. Diante da desconfiança sobre a capacidade da Itália de ajustar a contas públicas e pagar sua dívida - a segunda maior da Europa, de 120% do PIB - o mercado vinha cobrando cada vez mais para financiar o governo.
Os juros dos títulos públicos da Itália voltaram a subir, apesar do esforço do Banco Central Europeu de segurar a taxa, com intervenções neste mercado.

GREVE GERAL
A greve geral de oito horas convocada pela principal central sindical italiana paralisou parte do país. Milhares de pessoas foram às ruas em cerca de uma centena de cidades.
O principal transtorno causado pelos grevistas foi no sistema de transportes. Segundo informações do sindicato, 50% dos ônibus, trens e voos pararam ontem. As companhias aéreas confirmaram que pelo menos 200 voos de Milão e Roma foram cancelados, além de 36 em Nápoles. Jornais deixaram de circular e hospitais e agências dos Correios também participaram parcialmente da greve em algumas cidades.


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