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ITÁLIA
Líderes sindicais e oposicionistas querem impedir reformas no sistema de aposentadoria, que hoje consome 15% do PIB
Mais de 1 mi protestam contra Berlusconi
DA REDAÇÃO
Uma manifestação contra a reforma da Previdência, proposta
pelo governo de centro-direita do
premiê Silvio Berlusconi, reuniu
mais de um milhão de pessoas
ontem, em Roma.
Os três principais sindicatos do
país lideraram a marcha que convergiu para a Piazza San Giovanni, uma das maiores praças da capital italiana, para ouvir discursos
dos líderes trabalhistas.
Junto com líderes de oposição
dos principais partidos de centro-esquerda e de esquerda, os manifestantes apitaram, cantaram canções trabalhistas tradicionais e
carregaram faixas em que se lia:
"Vamos defender o futuro".
Os manifestantes, de todas as
regiões do país, utilizaram cerca
de 3.000 ônibus e 40 trens para
chegar a Roma. "Acredito que esse seja apenas o primeiro passo
para o governo tentar tirar nossas
pensões quando formos velhos",
disse um deles.
A Itália, que ocupa atualmente a
presidência da União Européia
(UE), possui uma população de
cerca de 57 milhões de pessoas,
das quais mais de 7 milhões são
pensionistas. Qualquer mudança
no sistema de aposentadoria provoca conflitos entre os sindicatos
e as empresas.
A primeira reforma da Previdência foi feita em 1995, durante o
governo de Lamberto Dini. Em
1994, Berlusconi, então em seu
primeiro mandato, tentou realizar outra reforma, mas foi impedido por uma manifestação histórica convocada pelos sindicatos e
por divisões em sua coalizão governamental.
A atual mudança proposta pelo
governo poderá impedir que as
pessoas se aposentem antes de
completar 40 anos de contribuição ou de alcançar uma idade mínima -65 anos para os homens e
60 para as mulheres. Atualmente,
os italianos podem se aposentar a
partir dos 57 anos se tiverem contribuído por 35 anos.
Como a França e a Alemanha, a
Itália está tentando reformar seu
sistema de aposentadoria, que
consome cerca de 15% do PIB (total de riquezas produzidas no
país). É um dos mais altos percentuais da UE e tende a crescer com
a queda da taxa de natalidade e o
aumento da expectativa de vida.
Os sindicatos argumentam, porém, que a reforma de 1995 é suficiente para prevenir uma crise.
O governo, cujo projeto de reforma é apoiado pelos empresários, também está oferecendo incentivos para que as pessoas continuem trabalhando ao atingir a
idade de se aposentar.
"Ele [Berlusconi] precisa ouvir
o povo", disse, durante a manifestação, Guglielmo Epifani, presidente da maior central sindical
italiana, a CGIL. "Há uma grande
maioria no mundo do trabalho, a
nação em geral, que quer mudanças, mas não mudanças políticas
que apenas ajudam alguns poucos e colocam os jovens, os trabalhadores, a classe média e os idosos em desvantagem", afirmou.
Anteontem, o ministro do Trabalho, Roberto Maroni, pediu aos
sindicatos que apresentassem
"propostas alternativas" antes de
11 de dezembro, mas os líderes
sindicais negaram-se a colaborar,
alegando que a política econômica do governo é "inaceitável".
Na manifestação de ontem,
também houve protestos contra o
Orçamento do governo para
2004. Para a oposição e os líderes
sindicais, cortes propostos pelo
governo vão prejudicar a maioria
das pessoas. "Minha mensagem
para Berlusconi é que ele deve sair
porque não merece o governo. Ele
não sabe como fazer as coisas certas para o povo italiano", disse um
manifestante idoso.
Com agências internacionais
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