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IRÃ
Khatami mantém data do pleito
Presidente afirma que eleições serão injustas
DA REDAÇÃO
O presidente do Irã, Mohammad Khatami, decidiu manter as
eleições parlamentares do próximo dia 20 após ter seu pedido de
adiamento recusado pelo líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, mas afirmou que o pleito
não será justo devido à proibição
de quase um terço das candidaturas reformistas.
É uma rara manifestação de dissenso por parte do reformista
moderado em relação ao conservador Conselho de Guardiães,
responsável pelo veto. O grupo linha-dura havia proibido quase
metade das cerca de 8.200 candidaturas reformistas, incluindo a
de vários integrantes atuais do
Parlamento.
A decisão resultou na maior crise política do país desde a Revolução Islâmica (1979), o que obrigou Khamenei a intervir. Diante
do aiatolá, o conselho aceitou reverter quase 2.000 vetos, mas não
calou os protestos reformistas.
Em carta enviada na noite de
sexta-feira a Khamenei e lida ontem por um membro do gabinete
para a agência de notícias Associated Press, Khatami e o líder do
Parlamento, Mahdi Karroubi,
afirmam que "as eleições serão
promovidas na data acertada como requer sua ordem", mas que
haverá pouco estímulo para os
eleitores. É um recuo retórico por
parte do presidente, que antes
afirmara que seu governo só levaria o pleito adiante se ele fosse
"competitivo, justo e livre".
Com a proibição de quase 2.400
candidaturas, ficam bastante limitadas as chances dos reformistas de manter a supremacia na
Casa, que obtiveram em 2000 pela
primeira vez desde a revolução.
Khatami acusou o Conselho de
Guardiães de prejudicar a integridade das eleições. "O Conselho de
Guardiães vetou a maioria dos
nomes proeminentes nas eleições
de 20 de janeiro, solapando a
competição necessária e reduzindo a motivação da população."
A situação se agrava porque o
maior partido reformista do país,
a Frente Islâmica de Participação
do Irã, prometeu que vai boicotar
as eleições. A frente é presidida
por Mohammad Reza Khatami,
irmão do presidente, cuja candidatura também foi proibida.
No início da semana, Khamenei
ordenara a revisão da lista de candidatos vetados. Mas, dos 600 nomes que o Ministério da Inteligência enviou ao conselho para
consideração, apenas 51 tiveram o
veto suspenso. Anteontem, a pedido do aiatolá, mais 149 proibições foram retiradas.
Os governadores provinciais
haviam ameaçado não colaborar
na realização do pleito, mas foram censurados por Khamenei.
"Ninguém tem permissão para se
recusar a cumprir suas obrigações
por causa de sua oposição", disse
o aiatolá.
Os membros do conselho, não
eleito, são nomeados por Khamenei, o que levou alguns reformistas a acusar o aiatolá de compactuar com o veto.
Com agências internacionais
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