São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011 |
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Independência do sul do Sudão é oficial Resultado de referendo chancela formação, em 9 de julho, de novo país, desde já um dos mais pobres do mundo Ditador sudanês Omar al Bashir afirma aceitar a secessão; nova nação detém 75% das reservas de petróleo de Cartum
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS A secessão do sul do Sudão foi aprovada por 98,83% dos cerca de 3,65 milhões de pessoas que foram às urnas no referendo realizado em janeiro sobre a independência da região, anunciou ontem a comissão organizadora. O resultado final confirma expectativas de maciça aprovação à separação e oficializa a criação, prevista para 9 de julho, do mais novo país da África, que já nasce como um dos mais pobres do mundo. O anúncio oficial do resultado foi precedido por declarações apaziguadoras do ditador do Sudão, Omar al Bashir, que garantiu o reconhecimento da divisão do maior país do continente africano. "Recebemos esses resultados e os aceitamos porque representam a vontade do povo do sul", afirmou Bashir, já ciente do aval à separação. Havia temores de que a delicada divisão de uma região que abriga estimados 75% das reservas de petróleo do Sudão não fosse bem aceita por Cartum e motivasse nova violência entre governo central e os separatistas do sul. A posição de Bashir foi elogiada pelo presidente do governo autônomo do sul, Salva Kiir, que prometeu ajudar Cartum a obter perdão de parte de sua dívida externa e o fim de sanções internacionais impostas pelos conflitos no sul e em Darfur (oeste). Por Darfur, Bashir teve a sua prisão pedida pelo Tribunal Penal Internacional. O resultado foi saudado pelos EUA, que anunciaram o início do processo para tirar o Sudão da lista de patrocinadores do terrorismo. O presidente Barack Obama disse que os EUA reconhecerão o Sudão do Sul em 9 de julho. O referendo, realizado entre 9 e 15 de janeiro, foi parte do acordo de paz que pôs fim a duas décadas de sangrenta guerra civil que opôs o norte, de maioria árabe e muçulmana, e o sul, negro e cristão. Estima-se em 2 milhões o número de mortes no conflito até a assinatura do acordo de paz, em janeiro de 2005. PERSPECTIVAS A nova nação tem cerca de 90% da sua população de 8,5 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Até julho, durante o período de transição, o país vai elaborar uma Constituição e definir um nome. O novo Estado dependerá quase que totalmente do Sudão para exportar petróleo, fonte de 98% da sua receita. O petróleo está ainda no centro de uma série de questões não resolvidas da divisão, como o controle sobre a região de Abyei, rica em reservas, e a parcela das receitas que caberá a Cartum. Além disso, deve haver migrações em massa de sudaneses do sul residentes no norte e vice-versa. O resultado tem impacto incerto ainda para Cartum, que vive crise econômica e tem registrado protestos de rua na esteira das manifestações na Tunísia e no Egito. Texto Anterior: Filme sobre russo Khodorkovsky some em Berlim Próximo Texto: Para consultores, traição não abalará imagem de Cristina Índice | Comunicar Erros |
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