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"Não há liberdade de religião na China"
DE PEQUIM
A situação da liberdade de religião na China piorou no últimos
cinco anos, na avaliação de Joseph
Kung, diretor da Cardinal Kung
Foundation, entidade sediada nos
EUA que dá apoio à Igreja Católica Underground na China.
(CT)
Folha - Qual a situação da liberdade de religião na China?
Joseph Kung - Não há liberdade
de religião na China. Apesar do
que diz a Constituição, não há liberdade de religião. Eles ainda
prendem bispos, padres e seminaristas da Igreja Católica Underground. Há duas Igrejas Católicas
na China. Uma é a Católica Patriótica, reconhecida pelo governo, e a outra é a Católica Underground. A Igreja Underground é a
igreja de verdade, leal ao papa. Essa igreja não é legal na China e não
tem templo aberto. Ela tem cerca
de 50 bispos, e todos estão presos.
Folha - Quantos fiéis cada igreja
tem?
Kung - A Igreja Underground
tem algo entre 10 milhões e 12 milhões. A igreja do governo tem algo entre 4 milhões e 5 milhões.
Folha - A prisão de bispos é por
longo tempo?
Kung - Alguns bispos, como Su
Zhimin, não podem ser encontrados. Ele desapareceu há quase sete anos. A situação é muito ruim.
Folha - É pior do que no passado?
Kung - Se compararmos com
cinco anos atrás, é. Eles prendem
mais bispos e padres, destroem
mais igrejas e forçam mais pessoas a aderir à igreja do governo.
Não é um bom cenário.
Se compararmos com 50 anos
atrás, quando os comunistas chegaram ao poder, a situação é melhor. Em 1949, eles colocaram os
bispos e padres na prisão por um
longo período e mataram fiéis.
Folha - Onde os fiéis da Igreja Underground se reúnem?
Kung - Eles rezam em suas casas.
Em Pequim, há igrejas católicas
muito bonitas, mas todas elas pertencem à igreja governamental, a
Associação Patriótica. Quando a
Igreja Underground tem uma
missa, ela é feita em segredo.
Quando o governo descobre, os
fiéis são presos.
Folha - A situação das outras religiões é melhor ou pior?
Kung - A situação é a mesma.
Nenhuma religião tem liberdade,
a menos que se torne oficial.
Folha - Isso se aplica aos budistas
e muçulmanos?
Kung - Sim, aos budistas, muçulmanos, tibetanos, protestantes,
todas as religiões.
Folha - Há negociações entre o
Vaticano e o governo chinês?
Kung - Existem negociações secretas, mas não sabemos qual o
resultado. É difícil, porque há dois
temas que precisam ser resolvidos. O primeiro é que o governo
chinês teria de libertar todos os
bispos e padres. Não podem chegar a um acordo com o Vaticano
enquanto continuam prendendo
membros da Igreja Underground.
O outro tema é a nomeação dos
bispos da Igreja Católica. No momento, o governo chinês faz isso
de forma independente do Vaticano, na Igreja Patriótica. Pequim
não aceita a autoridade do papa e
escolhe seus próprios bispos sem
a aprovação do pontífice.
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